Trate de se preparar: o preço da tarifa de ônibus em Curitiba vai subir no mais tardar em fevereiro. O próprio prefeito Gustavo Fruet já admitiu que o reajuste é inevitável devido à elevação dos custos do sistema de transporte, dentre eles o preço dos combustíveis e do reajuste de salários de motoristas e cobradores, cuja data-base também acontece em fevereiro.
Mas esse processo, que deveria ser automático e quase indolor para a manutenção do sistema, é considerado ultrapassado e provoca encarecimento demasiado da tarifa, na opinião do economista Sandro Silva, do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese).
“Tivemos um aumento significativo do diesel, a data-base deve seguir a inflação e tudo isso vai impactar no reajuste. Mas, entre tantas questões a serem resolvidas, nosso maior problema é que tanto os critérios do processo licitatório quanto a metodologia de cálculo da tarifa são dos anos 1980 e não foram atualizados. Então, são dois pontos que, além de gerar dúvidas, também encarecem o preço da tarifa”, argumenta o economista. É um círculo vicioso que reduz o número de passageiros a cada ano. Ele ainda afirma que o processo de licitação é muito duvidoso e deveria incluir audiências públicas.
Para se ter uma ideia de como isso está acontecendo na prática, Silva cita dados repassados pela Urbs ao Dieese que atestam o problema. Em 2015, houve uma queda de 27% no número de passageiros transportados. A média/mês de 2015 atingiu apenas 18,8 milhões, enquanto em 2014 a média/mês do volume de passageiros transportados chegou 25 milhões de pessoas.
O economista diz que cabe uma ressalva aqui porque em função do que chamou de “falta de transparência” da Urbs. Os números são repassados sem especificar o mês, o que impede a realização de análises mais aprofundadas.
Caos e falta de transparência
Talvez isso espelhe o tamanho da crise no transporte coletivo, que se aprofundou no último ano com a desintegração com a região metropolitana e as sucessivas greves de motoristas e cobradores por falta de pagamento de salários. Em entrevista concedida à Rádio CBN no último dia 17 de dezembro, Fruet afirmou que o aumento da tarifa é inevitável.
De acordo com a Urbs, datas e valores ainda estão em negociação e dependem de uma série de fatores, principalmente da definição do reajuste salarial dos motoristas e cobradores (data-base) marcada para 1.º de fevereiro, e que representa quase 50% do custo da tarifa.
Segundo a assessoria de imprensa do Sindicato das Empresas de ônibus de Curitiba e Região Metropolitana (Setransp), a entidade ainda não recebeu oficialmente a pauta das reivindicações, “mas a tarifa técnica deve ser reajustada, conforme assegurado contratualmente, em 26 de fevereiro”.
Além disso, a Setransp informa que mantém conversas com a Urbs, desde o ano passado, sobre o valor da tarifa técnica que atualmente não cobre os custos para a operação do serviço.
“A expectativa do sindicato, portanto, é de que o poder publico calcule a tarifa técnica de acordo com o contrato e traga equilíbrio para o sistema de transporte”, explica em nota.