Depois das chuvas que caíram em Guaratuba na semana passada, a Prefeitura decidiu acabar com as poças que se formaram na beira do calçadão da praia, entre a areia e o concreto, depositando saibro sobre a água acumulada. A medida, justificada pela Secretaria Municipal de Obras como alternativa para evitar a erosão, foi vista pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP) como inadequada, principalmente pelo desconforto causado ao morador ou turista ao ver o tom avermelhado se sobressaindo em relação à areia, cenário que pode ficar ainda pior quando a maré sobe e puxa a terra para o mar, formando um lamaçal na praia. A Prefeitura tem até hoje para retirar o material.
A formação das valetas, ou poças, é comum quando chove forte na cidade. Porém, depois do temporal da última quarta-feira, a administração municipal resolveu depositar o saibro em cima da água empoçada em vez da própria areia da praia. ?É um absurdo. A formação de poças é normal. A própria maré dá conta de tapar?, ressalta o chefe do IAP em Paranaguá, Reginato Bueno, que notificou a Prefeitura de Guaratuba pelo procedimento. ?Pode ter impacto no microplâncton, já que é barro doce, mas tão pequeno que a gente não leva em consideração. O problema mesmo é que fica aquela areia vermelha, causando poluição visual e incômodo, caso alguém decida tomar um banho de mar e perceba que está no meio do barro?, avalia. Além da praia Central, o saibro foi também depositado na praia de Caieiras.
Obras
O secretário de Obras de Guaratuba, Marco Antônio Dal?Lin, justifica que adotou a medida para absorver a água empoçada, evitando, assim, processo de erosão que poderia resultar na destruição do calçadão. ?Quando isso acontece, geralmente tapamos os buracos com a própria areia da praia. Mas também é medida paliativa. Dessa vez, colocamos saibro porque dá mais liga, tem mais consistência e ajuda a absorver melhor a água.?
O secretário admite, porém, que não agiu certo. ?O ideal seria fazer uma galeria margeando a avenida ou no subsolo, por baixo da via. Mas, como temos de solucionar os problemas na hora, adotamos as medidas possíveis. Se é certo ou errado, quem sou eu para discutir??, questiona o próprio secretário, que tenta amenizar o equívoco citando erros de outras administrações: ?Já houve erosão em outros pontos da praia e foi encoberta com restos de material de construção. Em frente aos Magistrados, por exemplo – se referindo à colônia de férias localizada em uma das pontas da praia -, a contenção foi feita com gabiões na década de 80. Hoje está tudo exposto, com os ferros para cima, pedras, e não tem como retirar de lá?, afirma. ?Isso o IAP não multou?, protesta. O secretário alega ainda que a intenção era colocar areia por cima do saibro para evitar que formasse barro. De acordo com ele, existem também estudos da Prefeitura para construção das galerias. ?Mas são projetos caros, que a gente ainda está tentando viabilizar.?
Caso a Prefeitura não retire o saibro hoje, caberá multa. O secretário Marco Antônio Dal?lin, porém, não sabia dizer, ontem, se seria possível cumprir a ordem a tempo. ?Estou tentando arrumar, mas a maré está cheia. Caso não consiga retirar tudo, o IAP vai ter de estender o prazo?, disse. De acordo com moradores de Guaratuba, no entanto, a maré estava baixa na tarde de ontem. O IAP estima que a multa à Prefeitura, caso seja aplicada, deve ficar entre R$ 10 mil e R$ 15 mil.