Prefeitos discutem a biodiversidade

Prefeitos de cinco continentes estão reunidos em Curitiba para discutir temas relacionados à biodiversidade urbana. O evento Cidade e Biodiversidade: atingindo a meta de 2010, organizado pela Conferência sobre a Diversidade Biológica (COP), ligada à Organização das Nações Unidas (ONU), faz parte das preparações da próxima COP9, que será realizada ano que vem na cidade de Bonn, na Alemanha. Amanhã, no final do encontro, deverá ser divulgado um documento chamado Declaração de Curitiba, no qual as cidades participantes assumem um compromisso de reduzir as perdas de biodiversidade. O documento será levado para a COP9 e a expectativa é que as autoridades incluam o tema urbano nas discussões das próximas conferências.

De acordo com o secretário executivo da Convenção da Biodiversidade – vinculado à ONU, Ahmed Djoghlaf, essa é a primeira vez que prefeitos se unem para discutir a biodiversidade urbana, cujo tema tem grande relevância em função dos panoramas atuais. Segundo ele, neste ano será a primeira vez na história mundial que a população urbana excederá a população rural. Em 1820, Londres era a única cidade a ter população acima de um milhão de habitantes. Hoje, 411 delas são consideradas megacidades, pois desde 1950 a população vem aumentando quatro vezes de tamanho.

Só a Índia, por exemplo, tem dez das trinta cidades que mais crescem no mundo. Segundo Ahmed Djoghlaf, a estimativa é que até 2030 quatro entre cinco pessoas que moram nas cidades estejam em países pobres. Isso tudo interfere na biodiversidade, pois hoje, a cada hora, três espécies desaparecem do planeta, o que significa que a cada ano 56 mil espécies desaparecem para sempre. Por isso ele defende um manejo adequado no desenvolvimento das cidades para barrar esses avanços. Ele citou Curitiba como um bom exemplo nesse sentido.

O prefeito de Curitiba, Beto Richa, respondendo à afirmação, citou como exemplo os investimentos na ampliação do transporte de massa, com utilização de veículos mais modernos que reduzem a emissão de poluentes.

Citou, também, a criação de espaços de lazer, a recuperação de áreas degradadas e a retirada de famílias de áreas insalubres, como margens de rios e córregos. Ele adiantou que durante o evento a Prefeitura irá lançar o Programa de Biodiversidade Urbana – Biocidade.

O programa pretende reduzir as perdas da biodiversidade no meio urbano, deixando-as compatíveis com o desenvolvimento e a conservação ambiental. Entre as ações estão o incentivo à população para a troca de espécies exóticas por nativas; aumentar a revitalização das bacias hidrográficas; adoção de biocombustíveis no transporte coletivo; e o incentivo à adesão à Lei da Reserva Particular do Patrimônio Natural Municipal, que pretende estimular proprietários de áreas verdes situadas no meio urbano a preservá-las, oferecendo a transferência de 100% do potencial construtivo dessas para outras áreas da cidade.

Países trocam algumas experiências de preservação

Lígia Martoni

Foto: Fábio Alexandre

Prefeito de Nagoya.

As discussões de grupos de trabalhos realizadas ontem durante o evento Cidade e Biodiversidade: atingindo a meta de 2010, colocaram a visão e as experiências de cada um dos países participantes para compor as discussões da biodiversidade urbana durante a COP 9. A Alemanha, por exemplo, trouxe estudos que demonstram a importância de trocar a vegetação exótica pela nativa nas cidades. Já o Japão pretende levar de Curitiba experiências como a do transporte urbano.

A capital paranaense aproveitou a oportunidade para mostrar aos representantes dos cinco países o projeto Biocidade, que fomentará na população atitudes que façam a diferença na conservação da biodiversidade. Neste ínterim está a substituição das espécies exóticas pelas nativas em parques e praças da cidade como forma de despertar nos habitantes a iniciativa de tomar a mesma atitude em seus jardins. ?O professor alemão, Norbert Müller, da Erfurt University apresentou estudos realizados em Berlim que relacionam uma incidência maior de calor às áreas onde há espécies exóticas?, citou o secretário municipal de Meio Ambiente, José Andreguetto, como uma das experiências relatadas no evento que explicam a importância dessa substituição. Segundo o secretário, a Prefeitura manterá no Jardim Botânico um jardim contendo apenas espécies nativas da região para que a população aprenda a diferenciá-las.

Outro exemplo citado pelo secretário é a construção da maior avenida de Curitiba, a Linha Verde a qual será feita dentro de padrões ambientalmente corretos.

Japão

O prefeito da cidade japonesa de Nagoya, Takehisa Matsubara, trouxe exemplos de redução da perda de biodiversidade de seu País e também está colhendo experiências daqui para aplicar por lá.

Ele disse que conseguiu evitar a construção de um aterro sanitário em uma área de preservação promovendo a reciclagem total do lixo recolhido em sua cidade. E quando perguntado sobre que lições o Brasil pode dar ao Japão, ele foi direto: ?A parte de transporte em Curitiba tem coisas boas para copiarmos, o sistema é exemplo bom para o Japão. Mas o ponto mais positivo desse encontro é a vontade de encontrarmos juntos as soluções para todo o mundo?.

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