Mais uma vez, a região da Tríplice Fronteira – Brasil (Foz do Iguaçu), Paraguai (Ciudad del Este) e Argentina (Porto Iguazu) – foi apontada, agora por uma congressista norte-americana, como um dos palcos do terrorismo árabe. A acusação, que se estende ao município do oeste do Paraná, deixou o prefeito Paulo Mac Donald Ghisi (PDT) indignado. Ele promete tomar atitudes, inclusive a de pedir ao presidente Lula providências de ?país para país?.
O prefeito soube, pelo jornal Folha de S.Paulo, que deputados dos Estados Unidos (EUA) teriam aprovado a proposta, feita pela republicana Ileana Ros-Lehtinen, que adverte o presidente norte-americano quanto a atividades terroristas na região. Como divulgado na matéria de ontem do jornal paulista, Ros-Lehtinen estaria solicitando o envio de uma força-tarefa para investigar o terrorismo nesses países sul-americanos. Ainda segundo o texto, a tese da republicana é que o Brasil estaria servindo de caminho de entrada para os EUA, via México.
De acordo com Ghisi, em Foz do Iguaçu vivem cerca de 12 mil pessoas de origem árabe. A convivência, segundo ele, sempre foi harmoniosa. ?Só porque se tratam de árabes ou descendentes é que são terroristas? É um absurdo. Não sei de onde origina esse tipo de acusação. Não sei a quem beneficia isso, mas sei, com certeza, que prejudica a cidade, que nos prejudica?, lamenta Ghisi.
Segundo o prefeito, essa deve ser a quinta vez, em dez anos, que esse tipo de acusação aparece. ?Não podemos viver com essa acusação que prejudica, demais, não apenas o turismo como o comércio local, além de assustar os habitantes. Quem quer viver em uma cidade onde haveria terrorismo? As pessoas falam isso, mas nunca provam nada. Todas as vezes anteriores que essa acusação apareceu foi desmentida por órgãos de inteligência, inclusive a CIA. Que esta deputada venha até aqui e veja ela mesma?, convida Mac Donald.
Ele diz que vai escrever uma carta ao presidente Lula, solicitando que as providências cabíveis sejam tomadas. ?O negócio é de país para país e não de cidade para país. Além disso, pedi que uma averiguação seja feita novamente na região, pelas forças nacionais, e vou pedir que os governos argentino e paraguaio façam o mesmo para acabar de uma vez com isso?, diz Ghisi.
O presidente da Sociedade Beneficente Muçulmana do Paraná, Jamil Skandar, considera a proposta da congressista norte-americana Ileana Ros-Lehtinen como uma atitude discriminatória contra árabes muçulmanos e, principalmente, contra a soberania do Brasil. ?Entendemos isso como uma perseguição contra os árabes de uma maneira geral e ainda como um álibi para continuar praticando a política expansionista e imperialista do atual governo norte-americano?, comenta Skandar.