Presença do prefeito na inauguração gerou protesto. |
O casarão da União Paranaense dos Estudantes na Rua Carlos Cavalcanti (Alto São Francisco), volta a ser ocupado pelos estudantes após seis anos de abandono e dois anos de reformas promovidas em parceria com a Prefeitura de Curitiba. O casarão foi oficialmente entregue à UPE ontem, em uma solenidade tumultuada.
Cerca de 10 estudantes contrários a gestão do atual presidente da União, Mádson de Oliveira, tentaram entrar no estabelecimento portando faixas contra o prefeito de Curitiba, Cassio Taniguchi. Os poucos guardas municipais presentes não conseguiram segurar os manifestantes. ” Estamos em nossa casa e vamos entrar. Se o governador e o prefeito do Caixa 2 estão participando porque nós não podemos?”, queixou-se Luís Augusto Martins, secretário da entidade. O tumulto só teve fim quando Cassio deixou o prédio. Antes do incidente, no entanto, o discurso era de parceria entre prefeitura e estudantes. ” Este é um dia histórico para os estudantes e para todo povo do Paraná. Este espaço será utilizado para eventos culturais, sociais e debates políticos”, disse Mádson. ” A prefeitura está de portas abertas às reivindicações dos estudantes. Acho que a Fundação Cultural, especialmente, pode interagir com a UPE nesse espaço”, afirmou Taniguchi. A solenidade contou ainda com a participação do governador Jaime Lerner, do reitor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Carlos Moreira Júnior, e com representantes da União Nacional dos Estudantes (UNE).
O Casarão
Com 1,5 mil metros quadrados, o imóvel em estilo neoclássico, construído em 1918, custou R$530 mil. O valor foi assumido pela prefeitura, com recursos de vendas de cotas de potencial construtivo. O casarão volta a ter o uso que o tornou conhecido. Antiga residência da família Lins de Albuquerque, o imóvel foi adquirido pelo Governo do Estado na década de 50 e chegou a ser utilizado por órgãos da administração estadual.
Mas foi como sede da UPE, entre 1959 e 1968, que o prédio ganhou notoriedade. O local era, na época, um centro de animação cultural e política da cidade. Em 1983, o prédio voltou paras as mãos da UPE, mas foi desativado em 1994, devido ao precário estado de conservação. Há dois anos foram iniciadas as obras de restauro. Para financiar a intervenção, a Prefeitura mudou, por decreto, a denominação da edificação, que passou a ser considerado Unidade de Interesse Especial de Preservação (UIEP), uma classificação especial dada a imóveis de grande valor histórico e arquitetônico. Somente nove construções em toda a cidade têm esta designação.