cadê a integração?

Povo se vira para pagar só uma passagem na rede ‘integrada’

A diarista Roseli da Rosa Ferreira é moradora do bairro Monte Castelo, em Colombo, e precisa pegar diariamente um ônibus para chegar ao seu local de trabalho em Curitiba. Para isso, ela vai até o Terminal Roça Grande tomar um alimentador até o Terminal Maracanã, para então cumprir mais um trecho rumo ao Terminal do Santa Cândida, já em Curitiba. Toda essa maratona é para pagar apenas uma passagem. “Levo o dobro do tempo. Saio mais cedo de casa só pra economizar essas duas passagens a mais por dia”, afirma.

Ainda no Terminal Roça Grande, a dona de casa Lurdes de Paula Ferreira também passa pelo calvário. “A gente perde muito tempo. O Terminal Santa Cândida fica aqui do lado e temos que ir a um terminal mais distante para não ter que pagar duas tarifas. Não tem lógica. Como não tem o que fazer, acordo mais cedo e faço essa volta para economizar”, afirma.

A história das duas trabalhadoras é semelhante a de muitos cidadãos que moram na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), mas não são plenamente beneficiados pela Rede Integrada de Transportes (RIT). Atualmente o sistema transporta 459 mil passageiros por dia, que utilizam 123 linhas. No entanto, 145 mil moradores da RMC ainda não são beneficiados pelo sistema, que conta com 84 linhas não integradas. Os números são da Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba (Comec), órgão responsável pelo transporte público entre os municípios da RMC.

Para o presidente da Associação dos Municípios da Região Metropolitana de Curitiba (Assomec), Luizão Goulart, que também é prefeito de Pinhais, a RIT só não é mais integrada por falta de estrutura e vontade da Comec. “Precisamos de um chefe de verdade e um gerente pra ampliar e melhorar a RIT. Hoje a Comec não tem estrutura nem capacidade de gerir o sistema. E acaba caindo tudo nas costas da Urbs, que na teoria só tinha que cuidar do sistema de transporte da própria Curitiba. É uma cidade cuidando de outras cidades”, diz.

Ainda de acordo com Goulart, o sistema da RIT ainda apresenta falta de linhas e altos preços de tarifas. “Ainda tem municípios que precisam de novas linhas integradas e um reforço nas linhas integradas já existentes. Isso tudo tem um custo, mas quase não há diálogo com a Comec e as negociações para discutir melhorias estão quase que paradas”, revela.

Gerson Klaina
Lurdes acorda mais cedo pra economizar passagens.

Custo dificulta integração

Para o diretor de transportes da Comec, André Fialho, a ampliação da RIT esbarra nos custos. “Hoje o governo do Estado subsidia cerca R$ 7,5 milhões por mês e a prefeitura de Curitiba mais R$ 4,5 milhões mensais para manter o sistema integrado. E infelizmente as prefeituras da RMC não querem bancar essa diferença para ampliar a RIT e é aí que tudo esbarra. As prefeituras normalmente não querem pagar essa diferença”, diz.

Fialho afirma que até o final ano a Comec pretende fazer uma nova licitação para o transporte público metropolitana para viabilizar novas linhas e maneiras de integração. “Temos atualmente cerca de 60% das linhas integradas e 40% não. Então precisamos achar novas formulas de integração para atender toda a população da RMC”, conclui.

Já a Urbs, que administra a RIT, apenas informou que segue à risca todas as diretrizes existentes no convênio estabelecido com o governo estadual, sem entrar em detalhes na discussão sobre o polêmico tema.

Operação diferente

Em São José dos Pinhais, embora a Comec considere os dois terminais de ônibus “integrados” à RIT, a operação ,é diferente. O Afonso Pena é fechado. Paga-se na entrada para embarcar em qualquer uma das linhas, tanto para a capital (como Ctba/Independência e Ctba/Urano, que vão até o terminal Guadalupe) quanto dentro do município. A tarifa é de R$ 3,10 para pagamento em dinheiro e R$ 2,70 com cartão VEM (Vale Eletrônico Municipal), aderido por 70% dos usuários do transporte coletivo da cidade.

Já o terminal Central, embora projetado para funcionar de maneira semelhante, funciona sem catracas. O espaço é aberto e o pagamento é feito na hora de embarcar em cada ônibus. Os valores variam conforme o tipo da linha. Para se deslocar até Curitiba, há três opções: o Ligeirinho Barreirinha/São José, ao custo de R$ 2,70, que costuma estar lotado a qualquer hora do dia, e as linhas não integradas Terminal Boqueirão/T.Central e Terminal Boqueirão/T.Afonso Pena, com passagens a R$ 2,95. Já nos ônibus urbanos, que rodam só dentro do município, a tarifa é de R$ 3,10 para quem paga em dinheiro e de R$ 2,70 para usuários do cartão VEM.

Existe um projeto para estender o Ligeirão Boqueirão até São José dos Pinhais, mas não há prazo para que isso aconteça. O prolongamento da canaleta exclusiva para o transporte coletivo da Avenida Marechal Floriano Peixoto até a Avenida das Américas, no município metropolitano, apesar de incluído no PAC da Copa, ainda não está concluído.

A nova linha será licitada após a conclusão do estudo de origem e destino que está sendo elaborado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). A coleta de dados terminou em agosto e agora, segundo a Comec, estão sendo tabulados os dados. Não há previsão para divulgação dos resultados.

Fonte:Comec / Infografia: Geoprocessamento Unidade Jornais

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