Na expectativa de descansar e se divertir, poucas pessoas lembraram ontem de comemorar a Proclamação da República. Muitas sequer sabiam o motivo do feriado e o significado do dia 15 de novembro.

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Em Curitiba, na Rua XV de Novembro (que recebeu este nome em função da proclamação) não havia nada relacionado à data histórica. O calçadão estava quase vazio e as poucas pessoas que passavam por ele também não relacionavam o nome da rua à razão do feriado.

Entre as pessoas consultadas pela reportagem de O Estado no local, apenas um ex-professor de História, Olavo da Silva, parecia saber que a maioria dos trabalhadores estava de folga porque, há 115 anos, Marechal Deodoro da Fonseca pôs fim à monarquia no Brasil. "Acho que as pessoas se esquecem mesmo de algumas datas, mas não por ignorância. A preocupação com o desemprego e a sobrevivência contribuem com isso", declarou. "Por outro lado, também existem brasileiros que conhecem mais a história do futebol do que a história de seu País."

No Parque Barigüi, apesar do tempo chuvoso, algumas pessoas aproveitaram a folga para realizar caminhadas ou pedalar. A Proclamação da República também não era muito lembrada por lá. "Por que hoje (ontem) é feriado? Boa pergunta. Não lembro", respondeu o marceneiro Juliano Antônio de Jesus Santos, quando questionado pela reportagem sobre o motivo do feriado.

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O professor de Educação Física Sidney Gilberto Gonçalves demorou para lembrar o significado do dia de ontem. Quando questionado, ele pensou por alguns instantes, mas acabou lembrando da proclamação. "Acho que atualmente as pessoas estão mais preocupadas em curtir o feriado. Está havendo uma queda dos valores patrióticos", afirmou.

Proclamação da República

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A Proclamação da República aconteceu em 15 de novembro de 1889, pelo Marechal Manoel Deodoro da Fonseca. Ele entrou no Quartel-General do Exército (hoje Palácio Duque de Caxias, no Rio de Janeiro), montado em um cavalo, e terminou com o último gabinete da monarquia, que se encontrava em reunião naquele local. Na ocasião, instaurou-se no País um novo sistema de governo, que pôs fim ao período do Brasil Imperial.

Desencadeada a partir de campanhas republicana e abolicinonista realizadas pelas camadas urbanas, os fazendeiros paulistas e Exército, a proclamação fez com que um governo provisório fosse estabelecido no País. No mesmo dia 15, o decreto número um, redigido por Rui Barbosa, anunciou a criação da República Federativa, com as antigas províncias constituindo, junto com a federação, os Estados Unidos do Brasil.

O estabelecimento da República no Brasil não teve participação popular. A conspiração que derrubou a monarquia ficou restrita a poucos republicanos. Entre eles: o deputado e jornalista Rui Barbosa; Aristides Lobo e Quintino Bocaiúva, considerados as maiores lideranças republicanas do Rio de Janeiro; o chefe do Partido Republicano, Francisco Glicério; e o estadista, militar e professor Benjamim Constant.