A expectativa pelo aumento da tarifa de ônibus na Região Metropolitana de Curitiba fez milhares de pessoas correrem para recarregar o cartão-transporte. Na sede da Urbs, na rodoviária, e nas Ruas da Cidadania, longas filas se formaram durante todo o dia. O novo preço da passagem continua indefinido e pode não ser anunciado hoje, devido ao impasse na negociação salarial de motoristas e cobradores.
O Paraná Online foi até a sede da Urbs e falou com as pessoas que tentavam aproveitar as últimas oportunidades de recarregar o cartão, pagando R$ 2,60 por passagem. Alguns minutos de conversa foram suficientes para constatar: o povão está na bronca com o governo estadual e a prefeitura, por causa da briga política que pode fazer o preço da tarifa disparar.
“Estamos na expectativa, já que não sabemos pra quanto vai subir”, disse o aposentado Gabriel Bertolo. “Nessa briga entre prefeito e governador não dá pra saber quem está certo. Eles tinham que chegar a um acordo. Enquanto brigam, ficamos só observando e pagando o aumento”, constatou.
Clima quente
A crise entre as administrações estadual e municipal se agravou na terça-feira, quando o governador Beto Richa (PSDB) anunciou o fim do subsídio à Rede Integrada de Transporte da RMC, o que foi apontado como manobra política pelo prefeito Gustavo Fruet (PDT). Em vigor desde o início do ano passado, o benefício custou R$ 64 milhões ao Estado. O acordo termina em maio e, sem o aporte, a expectativa é que o preço da passagem se aproxime da chamada “tarifa técnica”, hoje calculada em R$ 3,05.
“Nenhum dos dois lados têm razão nessa briga. Não está prevalecendo o interesse da população. Pela qualidade do transporte, tinha que baixar a tarifa. Fico horrorizado com essas coisas”, afirmou o vigilante Marcio Alves Barbosa.
Salário
A Urbs pretendia definir hoje o novo valor da tarifa, mas o impasse na negociação salarial de motoristas e cobradores deve adiar o anúncio. As negociações com as empresas de ônibus não avançaram e a disputa foi parar na Justiça do Trabalho, mas a data da audiência ainda não está marcada. Enquanto não houver definição, a Urbs não tem como calcular o novo preço da passagem.
Os trabalhadores reivindicam aumento salarial de 30%, mas os patrões oferecem a reposição da inflação de 2012, calculada em 6,3%. “Tivemos dezenas de reuniões e não houve nenhum avanço. Na frente do juiz podem apresentar proposta melhor. Hoje, acredito que a possibilidade de greve é de 50%”, diz o presidente do Sindicato dos Motoristas e Cobradores (Sindimoc), Anderson Teixeira.