O feriado de hoje marca a Proclamação da República, data em que o Brasil adotou, depois de 67 anos, um novo regime de governo. Para os historiadores, a data marca a entrada do País na modernidade, pois em 1889, na América Latina, apenas o Brasil e o México ainda adotavam a monarquia. Depois de 113 anos, a maioria da população sabe o que é comemorado nessa data, mas poucos arriscam falar da importância dela para a Nação.
O guia de turismo, Elizeu Santos, acertou na hora, quando questionado sobre o que se comemorava amanhã. E arriscou a data: 1888, errando apenas por um ano. Já os taxistas Francisco Veiga Bueno e Oswaldo Meneguete, pensaram bastante, arriscaram algumas alternativas e finalmente afirmaram que é o “Dia da República”. Mas afirmaram não saber o que a data significa, “pois estudei isso há muito tempo na escola”, confessa Francisco.
Para a dona de casa Nilsa Raimunda, em 15 de novembro, se comemora o “Dia da Independência”, mas logo se desculpa se estiver errada, porém mantém a afirmação. A caixa Yasmin Ali Yehia e a assistente administrativa Rose Ackvesta acertam o motivo da comemoração, porém ambas confessaram que já esqueceram o que ela significa. “Sei que é feriado, mas não sei exatamente por que”, afirma Yasmin.
Mudanças
A professora de História, Lysvania Villela Cordeiro, conta que, na época, as mudanças no Brasil começaram um pouco antes, em 1888, com a abolição da escravatura. No ano seguinte, o Marechal Deodoro da Fonseca assinou a Proclamação da República, que foi um movimento que tirou o Brasil do império. Essa necessidade de mudança vinha sendo sentida por parte da população, que recebeu a influência de outros países, que já haviam adotado o sistema republicano. “Na guerra do Paraguai (de 1864 a 1870), os militares conheceram o novo regime em contato com países como o Uruguai, Paraguai e Argentina, que já eram republicanos. Assim como na chegada dos imigrantes no Brasil, que também trouxeram ideais republicanos”, explica a professora.
Apesar do avanço, comenta a professora, o povo não teve participação efetiva no processo, “pois os militares proclamaram a república e o poder continuou na mão da elite.” Ela acrescenta que, inicialmente, também não foram sentidas as mudanças, pois continuaram os problemas com os grandes latifúndios, e a marginalização dos negros, pois a abolição não veio com um projeto para reintegrar essa população.
Passados mais de cem anos, Lysvania comenta que o Brasil avançou muito, destacando principalmente a participação popular. “As últimas eleições foram um grande exemplo desse avanço”, afirma. A professora, porém, destaca que muitos problemas existentes na época continuam sem solução definitiva, entre os quais a má distribuição de renda e falta de reforma agrária.
Correios faz exposição
Rosângela Oliveira
Um mural com as fotos e as principais realizações dos trinta presidentes que comandaram o Brasil nesses 113 anos do regime republicano foi montado na agência da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos da Rua Marechal Deodoro, no centro de Curitiba. O trabalho visa marcar a data, resgatando a história e seus principais personagens.
De acordo com o gerente da agência, Dazir Borges, além de chamar a atenção das pessoas que passam pelo local, o mural tem sido usado como fonte de pesquisa. “Muitos vestibulandos vêm aqui e estão, inclusive, pedindo cópias do material, pois algumas questões sobre o assunto podem cair nas provas do vestibular”, comentou. A professora de História e Gestão da Comunicação, Maísa do Rocio Stival, também solicitou uma cópia, afirmando que vai levar isso para os alunos. “Eu estou trabalhando esse tema em sala de aula, e esse mural foi o único trabalho completo que encontrei”, afirmou.
Essa é a quarta vez que o mural é colocado na agência, sendo resultado de um trabalho de pesquisa dos funcionários Milton Bispo da Silva e Neusa Paraíba Borges. Ele ficará em exposição na agência da Marechal até dia 18 de novembro. Depois seguirá para outro local, que ainda será definido.
