Pouca experiência trava contratações de pessoas com deficiência

A legislação brasileira determina que organizações com mais de cem funcionários devem reservar entre 2% e 5% de suas vagas de trabalho a portadores de deficiências.

Porém, muitas empresas não conseguem cumprir com a exigência devido à dificuldade em encontrar pessoas com necessidades especiais capacitadas para exercer atividades profissionais.

“Hoje, em função da lei, as vagas de trabalho para deficientes existem. Entretanto, a falta de formação dos mesmos é uma barreira para que eles consigam entrar no mercado. Tiveram pouco contato com os estudos e não foram preparadas para a vida profissional”, comenta o coordenador de projetos da Universidade Livre para Eficiência Humana (Unilehu), Enéias Pereira, que ontem, em Curitiba, participou de um seminário sobre o assunto.

Em um primeiro momento, segundo Enéias, as empresas abrem vagas de trabalho para pessoas com deficiências como obrigação, para não serem multadas por descumprimento da legislação.

Posteriormente, começa o processo de conscientização relativa à inclusão social, quando as organizações começam a pensar em como inserir os portadores de necessidades especiais em seus processos de trabalho, capacitá-los e acolhê-los. “Muitas vezes, as empresas têm necessidade de cumprir uma exigência legal, mas não sabem como fazê-lo”, diz Enéias.

A responsável pela área de responsabilidade social da Renault do Brasil, Cristina Gonçalves, confirma que é difícil encontrar pessoas com deficiência capacitadas para o trabalho.

Hoje, a empresa tem duzentos funcionários com necessidades especiais. Porém, para chegar a este número, teve que investir bastante em treinamento interno. “A capacitação de pessoas com deficiências é um grande desafio dentro da empresa. Em 2005, demos início a um grande trabalho de inclusão, onde realizamos cursos de capacitação com diversas entidades”, afirma.