Possibilidade de levantar a Ponte Preta volta à discussão

A conhecida Ponte Preta, localizada na rua João Negrão, em Curitiba, voltou a “dar os ares da graça” na última terça-feira, quando mais um caminhão entalou ao tentar passar por baixo da estrutura.

Resultado: também voltaram à tona as discussões sobre a possibilidade de erguê-la ou de tentar qualquer outra alternativa que evite os acidentes que ocorrem por lá.

O vereador Jair Cézar (PSDB) tenta emplacar, há anos, uma proposta de erguer a ponte para evitar que outros veículos altos esbarrem ou entalem na estrutura. “Nossa ideia é erguer 80 centímetros. Com isso acabam-se os problemas, sem machucar pessoas e sem envergonhar Curitiba”, afirmou o vereador. Como hoje a altura da ponte é de 3,6 metros, o vereador pretende que a estrutura chegue a 4,4 metros.

Porém, a Ponte Preta é tombada pelo Patrimônio Histórico Estadual. E há, inclusive, um projeto aprovado para restauração da estrutura. A proposta é do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional no Paraná (Iphan) e da Secretaria Estadual da Cultura , e inclui o antigo prédio da Rede Ferroviária Federal (que agora pertence à Universidade Federal do Paraná).

“O projeto prevê um tratamento paisagístico da região, inclusive com passarela para pedestres na ponte”, explica o superintendente do Iphan no Paraná, José La Pastina Filho. Para ele, levantar a ponte não seria a solução mais adequada, mas sim, a educação no trânsito. “Isso [levantar a ponte] a tiraria de todo um contexto no qual ela está inserida, sairia da concepção original. A alternativa é disciplinar o trânsito na região, pois há sinalização informando a situação”, diz ele. “Tem que obedecer as placas. Sem falar que há alternativas de trânsito nas outras ruas. Então, se há opções viáveis, porque desperdiçar dinheiro público para levantar a ponte?”, avalia Filho.

A arquiteta do Patrimônio Histórico do Paraná, Rosina Parchen, diz que a ponte foi tombada justamente pela maneira singular como ela foi construída, e por isso não teria cabimento mexer na sua estrutura.

“Ela foi construída de maneira pioneira, e o projeto que aprovamos não prevê intervenção nesse sistema de construção”, observou. Segundo ela, uma empresa deverá construir prédios em um mini-shopping da Avenida Sete de Setembro e, como medida compensatória, vai restaurar a ponte. “Já está tudo aprovado”, ressaltou.

Outra alternativa, na opinião de Filho, seria rebaixar um pouco a pista e fazer uma espécie de lombada invertida. “Mas isso tem que ser discutido tecnicamente. É legítima a posição das pessoas que querem levantá-la, mas temos que pensar racionalmente, e não passionalmente”, disse. A Ponte Preta foi construída na década de 1940.

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