A Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa) anunciou durante a Escola de Governo desta terça-feira (02), em Curitiba, como vai trabalhar para absorver as cargas do Porto de Itajaí, prejudicado pelas chuvas das últimas semanas. Também será criado o programa “Porto Solidário”, que vai auxiliar os trabalhadores portuários avulsos (TPAs) do terminal catarinense.
“Não vamos utilizar esta situação para uma estúpida competição, mas sim para a solidariedade. É uma irmandade estabelecida entre os portos paranaenses e catarinenses”, afirmou o governador Roberto Requião.
A ordem de serviço n.º 116/08 assinada pelo superintendente da Appa, Daniel Lúcio Oliveira de Souza, e por Requião prevê que dois berços do cais público sejam destinados à operação de contêineres, somando-se aos dois que já operam este tipo de carga no Terminal de Contêineres de Paranaguá (TCP). Assinaram como testemunhas o ex-superintendente Eduardo Requião e representantes dos sindicatos ligados aos trabalhadores portuários avulsos de Paranaguá.
Medidas
“Esta tragédia humana e social que se abateu sobre Santa Catarina também prejudicou o porto público de Itajaí, que foi parcialmente destruído. Com isso, houve redução drástica do trabalho e renda dos trabalhadores portuários. O Porto de Paranaguá, por estar próximo, já está absorvendo emergencialmente esta demanda de Itajaí e queremos ajudar esses trabalhadores, que perderam suas casas e que agora estão sem trabalho”, explicou o superintendente da Appa.
A ordem de serviço estabelece que a Appa vai aplicar um redutor tarifário de 15% sobre as tarifas portuárias públicas, para aqueles que fizerem uso do novo documento. “As empresas que aderirem ao programa deverão dar contrapartida no mesmo valor do desconto concedido pela Appa”, explicou o superintendente. Estima-se que em seis meses sejam arrecadados mais de R$ 1,2 milhão a serem revertidos para compra de cestas básicas e utilidades domésticas diversas.
Outra medida prevista na ordem de serviço é disponibilidade de espaços na área portuária pública para depósito de contêineres resultantes destas operações. Já há 300 contêineres vazios depositados e pedidos para depósito de mais 1.200, entre cheios e vazios. A autarquia também colocou à disposição do porto catarinense sua equipe de engenheiros e profissionais portuários.
Donativos
As cestas serão distribuídas semanalmente e vão beneficiar os trabalhadores portuários avulsos de Itajaí. Segundo o Órgão Gestor de Mão-de-Obra (OGMO) de Itajaí, existem na cidade 791 trabalhadores portuários avulsos (TPAs), sendo que 568 estão na ativa e 223 inativos.
“Temos que levar em conta que, além de perderem suas casas, esses trabalhadores terão a renda familiar diminuída drasticamente, uma vez que serão necessários meses para que o Porto de Itajaí volte a operar plenamente”, afirmou Daniel. As cestas básicas que eventualmente sobrarem serão entregues à Defesa Civil de Santa Catarina para serem distribuídas.
Para a execução do programa “Porto Solidário”, a Appa determinou que a assessoria sindical do porto faça a gerência dos donativos que serão distribuídos. Levantamento junto aos sindicatos de trabalhadores portuários de Itajaí já está sendo feito para ter a real dimensão de quantas famílias estão precisando de ajuda.
Atendimento
Desde sexta-feira (28), a Appa já está atendendo emergencialmente a demanda de cargas provenientes de Itajaí. Além da movimentação do Terminal de Contêineres de Paranaguá (TCP), dois navios operaram contêineres no cais do Porto de Paranaguá. Ao todo, foram movimentados 800 contêineres.
De janeiro a 30 de novembro, foram movimentados pelo Porto de Paranaguá 534.480 cont&eci,rc;ineres, sendo que 262.738 foram exportados e 271.742 importados. No mesmo período do ano passado, foram movimentados 549.531 contêineres (273.524 exportados e 276.007 importados). Com a absorção da demanda proveniente de Itajaí, estima-se que o volume de movimentação de contêineres aumente cerca de 10% em Paranaguá.
Dados da assessoria de imprensa do Porto de Itajaí informam que o porto catarinense é o maior exportador de cargas congeladas e refrigeradas e o terceiro na exportação de cargas em contêineres do território nacional.
