Portaria põe madeireiros e IAP em pé de guerra

A Portaria 508/176, que suspende a concessão de licença para o corte de árvores nativas em risco de extinção, do Instituto Ambiental do Paraná (IAP), não agradou o setor florestal, que reclama judicialmente se tratar de um absurdo, responsável pelo prejuízo de cerca de R$ 500 mil por mês ao setor. "A atividade parou por esse tipo de portaria. Medidas radicais não ajudam a salvar a árvore símbolo do Paraná", afirma Roberto Gava, presidente da Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal (Apre). Porém, a atitude da Apre é o que parece estar incomodando. "Estamos tratando de mata em extinção. Não estou entendendo essa discussão deles", desabafa Rasca Rodrigues, presidente do IAP.

E pelo desenrolar da situação, dificilmente haverá uma trégua entre as partes. "Queremos cortar apenas a capoeirinha e nem isso podemos mais cortar para continuar plantando", afirma Roberto Gava, presidente da Apre. Para o que o presidente da Apre chama de "capoeirinha", o presidente do IAP tem outro nome: "Isso é mentira. Da capoeirinha não sai 50 metros cúbicos de lenha. Eles estão solicitando o corte do bioma, que é protegido pela portaria", explica Rasca.

O setor florestal diz respeitar a legislação ambiental. Segundo Roberto Gava, eles precisam de licença do IAP para cortar o mato que cresce (capoeirinha) no espaço que seria utilizado para preparar o solo para o plantio do pinus e que preservar a araucária também é preocupação deles. Porém, por utilizar um outro termo, não é isso o que o IAP entende. "O que o setor está alegando não é verdade. Eles podem preparar o solo onde quiserem. Tem liberdade para plantar em 80% do Estado. Por que eles não plantam no pasto ao lado?", questiona o presidente do IAP.

Rasca explica ainda que o pinus é uma planta exótica e invasora, que migra sobre a mata nativa, no caso a araucária. "É estranho eles, sabendo da importância da preservação, quererem colocar uma invasora no lugar de uma nativa. Temos 11% de remanescente florestal e, se não segurarmos, não haverá mais nada", explica.

O setor florestal, que gera cerca de 150 mil empregos diretos, é o segundo na pauta de exportação do agronegócio do Paraná, perdendo somente para a soja. Com as atividades paradas, sem poder plantar, além do alto prejuízo em dinheiro, a Apre já perdeu várias mudas que aguardavam o plantio. "Essa resolução do IAP ajuda a plantar menos floresta. Por falta de política florestal adequada, não estamos plantando mais", alega Roberto Gava.

O IAP afirma que a portaria é preventiva e de precaução. "Não queremos afrontar. Paramos o setor para construir um modelo para conciliar a exploração com a preservação, mas é longo, demora mais de um ano. Enquanto isso vamos achar uma saída", explica Rasca, que pretende encerrar essas constantes discussões até o final deste mês.

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