Portadores de deficiência são alvo da CNBB

Fraternidade e pessoas com deficiência. Este é o tema que a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) definiu para trabalhar durante a Campanha da Fraternidade de 2006. Para a entidade, o tema é relevante pois essas pessoas ainda sofrem com o preconceito e a exclusão social. Uma prova disso é a cultura de valorização do corpo perfeito e sua associação com capacidade e produtividade. Com o tema, a CNBB pretende criar fóruns de discussão constantes sobre a pessoa com deficiência, e sua participação na sociedade.

Em todo o mundo existem mais de 500 milhões de pessoas com deficiência. No Brasil, segundo o censo demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2000, 14% da população têm algum tipo de deficiência – entre as quais, mental, tetraplegia, paraplegia, falta de membro ou de pele, e dificuldades de enxergar, ouvir, falar ou caminhar. Esse número corresponde a 27 milhões de pessoas.

Ainda segundo o censo, os dados de deficiência variam de acordo com regiões do País. Norte e Nordeste têm as maiores populações – somam 32,8% -, e a Paraíba é o estado com o menor índice de população com deficiência. Os homens sofrem mais com distúrbios mentais, físicos e auditivos, e as mulheres são mais afetadas com dificuldades visuais e motoras.

De acordo com o pároco da Paróquia São Francisco de Paula de Curitiba e coordenador nacional da Pastoral dos Surdos, Ricardo Hoepers, para muitos essa população é invisível. "Por isso é importante trazer uma sensibilização sobre o tema, e fazer a sociedade conhecer, saber onde estão, o que vem sendo feito por eles, que oportunidades e capacidades eles têm", falou. Ele ressaltou que, a partir da campanha, a proposta é conseguir uma mudança de postura e inclusão, pois a questão de produtividade também é sempre questionada quando se fala de pessoas com deficiência.

Proposta

"Hoje existe uma lei que obriga as empresas com mais de 100 funcionários a contratar pessoas com deficiência, mas ainda continua sendo uma luta para que ela seja cumprida", disse. Outro ponto destacado pelo padre é que todos são deficientes em potencial, pois podem adquirir uma deficiência em função de uma doença ou acidente. Ele afirmou que a sociedade não está preparada para acolher essas pessoas. A falta de acessibilidade é a principal prova disso.

O tema da Campanha da Fraternidade será trabalhada durante a quaresma – período em que a Igreja Católica relembra os 40 dias que Jesus Cristo passou no deserto -, de primeiro de março a 15 de abril. O padre Ricardo disse ainda que nesse período também irão destacar o lema da campanha "Levanta-te, vem para o meio", que é baseado na passagem do Evangelho de São Marcos, em que Jesus cura um homem com a mão atrofiada. "Com isso queremos que as pessoas com deficiência venham mostrar para a sociedade sua capacidade", finalizou.  

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