Chuniti Kawamura / O Estado do Paraná |
Concentração na estação-tubo da linha desativada. |
Um grupo de portadores de deficiência promoveu uma manifestação ontem pela manhã, em frente ao terminal de transporte coletivo de São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC). Eles pretendiam chamar a atenção da sociedade para a dificuldade de acesso em ônibus, bem como nas ruas da cidade. A situação ficou mais crítica quando o único veículo adaptado que fazia a linha Curitiba/São José dos Pinhais foi desativado, em função de obras no centro da cidade.
Com faixas pedindo o direito a acessibilidade, os manifestantes bloquearam por alguns minutos um cruzamento em frente ao terminal. A ação provocou um congestionamento de ônibus e carros, que não conseguiam passar pelo local. De acordo com o arquiteto Ricardo Tempel Mesquita, que acompanhou a manifestação, o acesso aos sistemas de transporte e circulação de vias públicas para pessoas com restrição de mobilidade – como idosos, crianças, gestantes, obesos e pessoas com deficiência – está amparado em diversas leis federais e municipais, que não são cumpridas. “O que falta são informações sobre as leis, a conscientização da população e penalização para quem não cumpre”, enumerou.
Para o portador de deficiência física Adir Cardoso, não adianta apenas multar pelo não-cumprimento das leis: “É preciso condicionar as obras ao acesso, pois vivemos em um País sem lei”. O presidente da Fraternidade Cristã de Doentes e Deficientes do Paraná – cadeirante e deficiente visual há 21 anos – diz que, pela falta de acesso, o portador fica limitado, mesmo sendo produtivo: “Nós somos obrigados a permanecer em apenas alguns locais e impedidos de ir em outros”.
No início desta semana, a Urbanização de Curitiba S. A. (Urbs) – empresa que gerencia o transporte coletivo na RMC -, desativou até o final do mês a linha de ligeirinho que liga Curitiba a São José dos Pinhais. O motivo é a realização de obras em uma rua próxima ao local da estação-tubo. Segundo os deficientes, esse era o único veículo adaptado que faz a linha até a capital.
Alternativa
Segundo a Urbs, a situação estará normalizada no máximo até dia 30. Várias alternativas foram estudadas em conjunto com a Prefeitura de São José dos Pinhais, e a mais viável foi a suspensão temporária da linha e um reforço na linha de alimentador que vai do terminal central de São José até o Boqueirão. Mas o alimentador não é adaptado para receber deficientes físicos.