Saudável, saborosa e segura. A carne de porco, muitas vezes deixada de lado por um farto pedaço de filé bovino ou por um peito de frango, está tentando ganhar mais espaço na mesa dos brasileiros. A nova carne suína, desenvolvida e apresentada pelos produtores nos últimos anos, perdeu gordura e ganhou novas formas de criação, em condições de higiene impecáveis e alimentação balanceada.
Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul, os três principais centros de produção da carne suína no País, têm investido em tecnologia e qualidade para o consumidor, além de realizar campanhas de incentivo ao consumo, que ainda é baixo se comparado aos padrões internacionais.
Dados da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS) mostram que 13,7 quilos da carne foram consumidas por indivíduo no País em 2002. Ano passado, esse número caiu para 12,4 quilos e a previsão para este ano é de apenas 11,4 quilos. Em alguns países da Europa, o consumo chega a ser de 70 quilos de carne suína por ano.
A redução no consumo, segundo especialistas, se deve à falta de informação dos consumidores, que aliam a carne suína à gordura, colesterol alto e de difícil digestão. De acordo com o professor de nutrição da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Raul von der Hewed, a carne suína apresenta grande valor nutritivo e deveria ser consumida em maior quantidade. “O consumo só vai fazer mal se for exagerado. Não importa o tipo da carne, a quantidade é que deve ser dosada. Algumas partes da carne suína são menos gordurosas que a bovina. O mesmo acontece em comparação com a carne de frango. Vai depender de qual parte do animal o consumidor escolher”, explica.
A ABCS informou que cerca de 65% da carne suína consumida no Brasil é sob a forma industrializada e apenas 35% sob a forma natural. Isso significa que apenas uma parte da população consome a carne suína mais nutritiva, ou seja, sem resíduos industriais que são incorporados à carne no processo de produção de salames, mortadelas, hambúrgueres e outros produtos. “A carne de porco é magra, tem colesterol baixo e é saudável. Isso ocorre porque, nos últimos quinze anos, produtores de todo o Brasil, inclusive nós paranaenses, conseguiram por meio de melhoramento genético obter uma carne suína mais barata, saudável e mais magra que a bovina. , ressalta Oscar Richter, da Secretaria da Agricultura.
Produtores brasileiros querem exportar mais
A carne suína é a mais consumida no mundo, mas no Brasil ela perde na preferência para a carne bovina e de frango. Aproveitando o alto consumo mundial, os produtores brasileiros de suínos estão querendo aproveitar o grande mercado que a carne tem nos outros países. Um exemplo desse preparo para enfrentar o mercado internacional vem do Paraná, que tem um rebanho de 3,5 milhões de suínos. Produtores do Estado estão em negociação com os russos para estreitar ainda mais a relação comercial com aquele país. “Nós fizemos uma seleção dos animais que produzem carne sem gordura, e que se enquadram no controle de qualidade do abatimento. É uma carne multinutritiva, mais saudável e que, mesmo assim, não perde o sabor para os padrões de consumo”, diz José Remy Sterzelecki, da Associação de Suinocultura da Região Sul.
“O mercado lá fora é enorme e estamos fazendo de tudo para que ele cresça. Mas o nosso principal foco ainda é o mercado interno. A população tem que saber que a carne não é menos nutritiva que a carne bovina ou de frango. O que acontece em alguns locais na área de saúde, é que não informam a população de maneira correta. A carne em si é magra. Um produto como o toucinho será gorduroso e com o colesterol alto, mas a carne pura, não”, completa.
De acordo com a Associação de Suinocultura da Região Sul, 500 mil toneladas de carne suína foram exportadas no ano passado. A previsão para este ano é de mais aumento. “Falta estímulo para os consumidores, pois muitos pensam que a carne suína é muito gordurosa. Fizemos uma pesquisa com os consumidores e ficou comprovado que é a carne mais saborosa. A associação de Santa Catarina está realizando uma campanha para ressaltar os valores da carne suína. Acredito que também vamos realizar isso aqui no Paraná”, afirma José.