Uma mudança nos moldes educacionais com vistas ao desenvolvimento social. É o que propõem, em Curitiba, educadores que participam do 1.º Congresso Paranaense de Educadores Espíritas, nas Faculdades Integradas Espírita, através de palestras, debates e fóruns que visam a alterar o modelo tradicional da educação, atuando principalmente na individualidade dos alunos.
Quem explica é a jornalista, pesquisadora e professora universitária Dora Incontri. Responsável pela palestra de abertura do evento, "Os desafios da educação espírita – históricos e dificuldades", ela relata quais são as dificuldades enfrentadas por esses educadores e como se poderia alterar o sistema de ensino como um todo. "A pedagogia espírita tem nova proposta de educação, de caráter inter-religioso. A idéia é de uma escola com liberdade de pensamento, tanto no campo científico como religioso, em que se discuta teorias e visões diferentes."
Para a professora, além de incentivar a abordagem de diversas visões, é importante também tocar na individualidade para o aprendizado. Ela cita como exemplo as aulas tradicionais que hoje são praticadas nas escolas, com horários determinados, matérias pré-estabelecidas e massificadas, ou seja, orientadas para todos os alunos dentro de um mesmo enfoque. "A criança tem de ser observada dentro de sua individualidade, não apenas como mais um número. Nosso objetivo é mudar radicalmente o modelo tradicional, implantando projetos de pesquisa, de arte e campanhas beneficentes em que o aluno possa atuar com liberdade de pensamento", exemplifica.
Segundo Dora, a pedagogia espírita pretende alterar os relacionamentos e a cultura que rege o atual sistema social. "É uma educação baseada no amor." Quanto ao futuro educacional dos alunos criados dentro desse novo molde, ela avalia que serão até mesmo mais capazes de entrar para a universidade. "Terão mais pensamentos criativos e de reflexão que os outros. O que esperamos também é que eles sejam foco de mudança desse sistema capitalista de consumo", enfoca. Para a educadora – que na ocasião do congresso lança o livro Vivências da escola (Editora Comenius) – a escola tradicional incentiva os modelos capitalistas de competição, individualismo e massificação de pensamento, o que se reflete diretamente na formação dessas pessoas e em seu comportamento futuro. "O maior desafio é mudar as mentalidades. Temos de mudar a escola se quisermos mudar o mundo", acredita.
