Tá em falta

População reclama da falta de pediatras nas CMUMs

Pediatras estão sendo substituídos por médicos generalistas nos Centros Municipais de Urgências Médicas (CMUMs). Esta foi a solução encontrada pela administração municipal para atender à demanda pediátrica nas unidades básicas de saúde. Como as inscrições para essa especialidade não foram significativas, nem mesmo o mais recente processo seletivo para contratação de médicos no município será suficiente para preencher todas as vagas. No entanto, o problema não é exclusivo de Curitiba. Há falta de profissionais desta especialidade no mercado de trabalho como um todo.

“Na ausência de pediatras, estamos colocando generalistas, mas é claro que temos preferência por profissionais que tenham essa especialidade, apesar de os clínicos também estarem habilitados para fazer esse atendimento. O problema é que há uma raridade desses profissionais, comprovada pelos concursos e processos seletivos”, comenta o diretor do Sistema de Urgência e Emergência de Curitiba (Suec), Eduardo Mischiatti. O médico, entretanto, garante que esta situação não chega a ser uma preocupação para o município, pois os atendimentos estão sendo realizados.

Para o diretor da Sociedade Paranaense de Pediatria, Luiz Ernesto Pujol, o principal motivo de os médicos recém-formados optarem por outras especialidades em detrimento da Pediatria é exclusivamente a desvantagem financeira, não a falta de interesse. “Esta é uma especialidade extremamente clínica, mas os gastos com consultório acabam reduzindo muito a remuneração. Assim, as possibilidades para os pediatras ficam reduzidas aos pronto-atendimentos, que também oferecem baixa remuneração”, explica.

Apesar de admitir que Curitiba está melhorando a remuneração e o plano de carreira para quem trabalha nas unidades básicas de saúde, Pujol ainda aponta outro fator que faz com que os médicos não queiram assumir esses postos de trabalhos. “Falta material, espaço físico e facilidade nos serviços auxiliares de diagnóstico. E ainda há a insegurança, pois muitos atendem em regiões violentas da periferia”, comenta. A diretora do Sindicato dos Médicos no Estado do Paraná (Simepar), Claudia Paola Carrasco Aguilar, afirma que as queixas são frequentes. “Muitos médicos já foram agredidos nos CMUMs”, conta.