A Polícia Civil do Paraná colocou ontem um link em seu site (www.policiacivil.pr.gov.br/modules/conteudo/denuncia.php) para que os cidadãos possam auxiliar na identificação de criminosos que tenham se infiltrado nas manifestações ocorridas na última semana para praticar atos de vandalismo, como depredação de patrimônio público ou privado e pichações. É possível enviar informações, fotos ou vídeos que ajudem na identificação dos responsáveis, de forma anônima. Os setores de inteligência das polícias Civil e Militar trabalham de forma intensa para fazer essas identificações.
A prefeitura de Curitiba estima que o prejuízo causado por vândalos durante o confronto da noite da última sexta-feira chegue a R$ 1,5 milhão. Apenas em vidros, o custo para reposição alcançaria R$ 100 mil. Equipes da prefeitura passaram o sábado na Avenida Cândido de Abreu para limpar a enorme quantidade de vidro que ficou espalhado pelo chão após os confrontos da noite anterior no Centro Cívico. Quatro estações-tubo foram depredadas, além de 121 janelas do Palácio 29 de Março, sede da prefeitura. Os vidros da Vara da Família e do Fórum Cível também foram atingidos. Muitas pedras soltas do calçamento foram encontradas pelo caminho, indicando que foram usadas no vandalismo. Três agências bancárias também foram depredadas.
A farmácia saqueada na Avenida Cândido de Abreu já estava funcionando. Mas os colaboradores ainda limpavam o chão e as prateleiras. A porta de ferro, danificada pelos vândalos, foi deixada na calçada. A limpeza também ocorreu no MM Salão de Beleza, também na Cândido de Abreu. O estabelecimento, que fica no segundo andar de um prédio, teve os vidros quebrados. “Vi o que estava acontecendo pela televisão e já imaginava que algo poderia ter acontecido no salão. Cheguei aqui assustada e estava destruído. Tinha pedras aqui dentro. Nem imagino o valor que eu vou gastar para repor isto”, comentou a proprietária Marcy Markosvki.
Firmeza
Em entrevista coletiva na manhã de sábado, o governador Beto Richa afirmou que a polícia será firme na proteção dos cidadãos, do patrimônio e serviços da comunidade. “Lamento que a maioria dos manifestantes, que tem o foco de mudar o Brasil com diálogo, de forma pacífica e democrática, tenha sido usada por uma minoria que tem outros objetivos”, declarou. Das 15 mil pessoas que participaram da manifestação, cerca de 200, segundo a Polícia Militar, promoveram ataques contra a polícia, depredação de patrimônio público e saques ao comércio.
“Marginais são grupos organizados”, diz delegado-geral
O saldo do confronto de sexta-feira na Avenida Cândido de Abreu foi a detenção de 28 pessoas, sendo que 14 delas foram presas e oito adolescentes foram apreendidos. Cinco pessoas foram encaminhadas para delegacias por dano qualificado e formação de quadrilha. Outros três presos podem responder por dano ao patrimônio público, dando ao patrimônio qualificado e formação de quadrilha. Uma pessoa foi presa por desacato, outra por resistência e uma terceira por desacato e incitação ao crime.
Três policiais militares ficaram feridos na confusão, sendo dois por consequência de um coquetel molotov e outro porque foi atingido por uma pedra. Nenhum caso foi considerado como grave. “O que causou estranheza foi como aconteceu, até pela característica do curitibano. É lamentável porque até então era um movimento pacífico. Mas tinha gente com coquetéis molotov, bombas caseiras e com a mochila cheia de pedras. São pessoas que já vieram dispostas para o vandalismo e agressão”, comentou o comandante-geral da Polícia Militar, coronel Roberson Luiz Bondaruk, ressaltando ,que a PM reagiu somente depois dos policiais terem sido atingidos pelos vândalos. De acordo com o coronel, a polícia permanece acompanhando a situação e está com efetivo de prontidão para qualquer novo caso.
A Polícia Civil está colhendo depoimentos de testemunhas e acionou o Centro de Operações Policiais Especiais (Cope). “Esses marginais estão sendo investigados por formação de quadrilha. São grupos organizados para a prática de crimes, inclusive furtos”, ressaltou o delegado-geral da Polícia Civil, Marcus Vinícius da Costa Michelotto. Mais pessoas podem ser presas, de acordo com o secretário da Segurança Pública, Cid Vasques.