Para chegar à academia de ginástica, a dona de casa Cássia Rafaele sempre utiliza a passarela localizada na Linha Verde Sul, na altura da Rua Engenheiro João Bley Filho. Porém, antes de atravessar a via, Cássia fica de olho no local para ver se não há nenhuma movimentação estranha. O motivo desta desconfiança são os constantes assaltos que vêm acontecendo na passarela. “Nunca atravesso sozinha. Só acompanhada. E à noite, nem pensar. É muito perigoso”, diz.

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Inaugurada no início do ano, a obra facilitou o dia a dia dos moradores da região do Pinheirinho e Capão Raso. No entanto, a passarela, que era pra ser mais um item de segurança na travessia da Linha Verde Sul, acabou se tornando um perigo para as pessoas que trabalham e vivem próximas ao local.

Há dez dias, uma mulher de 45 anos morreu atropelada ao tentar atravessar a Linha Verde nas proximidades do local. De acordo com Cássia, que era vizinha da vítima, a fatalidade só aconteceu porque ela evitou passar pela passarela por medo de sofrer um assalto. “Acontece quase todo o dia. Se eu vejo alguém suspeito lá em cima, eu atravesso fora da passarela mesmo”, conta.

A estudante Loslene de Fátima, 16 anos, evita atravessar a passarela à noite e durante o dia só passa pelo local acompanhada. “Sempre tem gente estranha, usando drogas. Vários amigos meus já foram assaltados aqui. Até durante o almoço, quando o pessoal sai das empresas pra comer, tem roubo. O pessoal já está chamando de passarela do medo”, diz.

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Segundo a balconista Kelly Jardim, que trabalha e mora na região, há noites em que a iluminação da passarela fica apagada. “Já é perigoso com luz, imagine sem. Então, atravesso por baixo mesmo. Sei que é perigoso, mas é menos do que passar sozinha, no escuro e num lugar que não tem pra onde correr”, afirma.

Gerson Klaina
Cássia: é muito perigoso.
Gerson Klaina
Loslene: amigos assaltados.