Douglas Marçal / Diário do Norte do PR |
Cerca de seis mil pessoas participaram |
Cerca de seis mil pessoas bloquearam ontem pela manhã a principal avenida de Maringá, a Brasil, para protestar contra o aumento da violência na cidade. O movimento foi alavancado depois do assassinato do empresário Rubens Orlandine, 41 anos, no sábado passado, que elevou as estatísticas de homicídios praticados no município este ano para 28, contra 22 em todo o ano de 2004, de acordo com a polícia. O protesto deu origem a uma carta aberta relatando os números de seqüestros, assassinatos e roubos praticados em Maringá e região e pedindo o aumento do efetivo policial na cidade.
A população se armou de faixas e cartazes com os dizeres ?Basta! Chega de violência?, ocupando três quadras da Avenida Brasil, no centro. Além do protesto contra o aumento da criminalidade, os manifestantes pediam aumento do efetivo policial e faziam críticas ao governo do Estado. A manifestação começou em frente à loja de Orlandine, a Art e Linha, onde o empresário foi morto após resistir a um assalto. Em um palco, representantes de diferentes religiões realizaram um culto ecumênico.
Carta aberta
No final da manhã, uma reunião na Associação Comercial e Empresarial de Maringá (Acim) entre empresários, entidades, prefeitos da região, deputados e vereadores discutiu os investimentos em segurança feitos em Maringá. A carta aberta resultante do balanço do protesto, entregue a autoridades e lideranças do Estado na ocasião, repercutiu números que os maringaenses consideram reflexo de um ?aumento vertiginoso da violência?. Segundo a carta, desde junho do ano passado, os casos de seqüestro relâmpago na cidade aumentaram em 500%, os de homicídio em 320% e os de furto, em 138%. ?Temos a convicção de que esta é uma conseqüência do precário investimento feito na segurança?, afirma a carta.
Os maringaenses dizem reconhecer os esforços do governo no envio de viaturas e equipamentos, mas acreditam faltar efetivo policial. ?Temos hoje menos policiais do que há 20 anos. Nossa região conta hoje com apenas um policial para cada grupo de 960 habitantes. Segundo a Secretaria Nacional de Segurança Pública, a média nacional, que não é boa, está em torno de 470 habitantes por policial, ou seja, temos menos da metade do fraco índice nacional?, relata o manifesto, assinado por 134 entidades, incluindo prefeituras e associações comerciais de Maringá e região, sindicatos patronais e de trabalhadores, Rotary, lojas maçônicas, OAB e associações de classe. A carta pede ainda a contratação de 300 policiais militares.
A Secretaria de Estado da Segurança Pública divulgou nota declarando que o governador Roberto Requião assinou autorização para realização de concurso que contratará mil novos policiais militares para reforçar o policiamento em todo o Estado e que Maringá será uma das cidades atendidas. Citando dados da Polícia Civil, a nota diz que dos 22 homicídios registrados na cidade em 2004, 21 foram solucionados, entre eles o do empresário Rubens Orlandine – que resultou na prisão de todos os envolvidos em 72 horas.