As cinco audiências públicas realizadas nesta semana para discutir o projeto de construção da Usina Hidrelétrica de Tijuco Alto, no Vale do Ribeira, reuniu uma média de duas mil pessoas em cada reunião. A proposta, que se arrasta há quase vinte anos, prevê a instalação de uma usina de médio porte, com 129,7 MW de capacidade de geração, na região do Rio Ribeira, que fica na divisa do Paraná com São Paulo. Durante as audiências, a população e entidades puderam conhecer um pouco mais sobre o projeto, que durante este tempo vem provocando diversas polêmicas.
As audiências foram realizadas nas cidades paranaenses de Cerro Azul e Adrianópolis, e nas paulistas de Ribeira, Eldorado e Registro. O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama) acolheu as contribuições feitas durante as reuniões e deverá dar, nos próximos dias, um parecer definitivo sobre a instalação da usina. Desde 1988, o Grupo Votorantim tem a concessão da usina e a Companhia Brasileira de Alumínio (CBA) responde pela construção da obra. Em 1994, o empreendimento chegou a obter licença prévia de órgãos estaduais de meio ambiente, porém o licenciamento foi indeferido pelo Ibama em 2003. No ano seguinte, a CBA assinou um termo de referência, documento no qual foram previstos todos os estudos, análises e mapas que integram o Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental (EIA-Rima).
Todas as audiências foram acompanhadas por procuradores federais e promotores de justiça dos dois Estados. Segundo o diretor da Cooperativa de Articulação da Agricultura Familiar de Cerro Azul, Oziel Wucher antes mesmo da obra iniciar já vem trazendo prejuízos para os agricultores, pois cerca de 40% das famílias que vivem desse sistema no município venderam suas terras e se mudaram para grandes centros. ?Muitas dessas famílias de agricultores acabaram em favelas, pois não encontram empregos na cidade?, falou. Em quinze dias, os agricultores deverão entregar ao Ibama um abaixo-assinado com a adesão de pessoas contrárias a obra.
Mas para o prefeito de Dr. Ulysses, Pedro Anselmo, a construção da usina trará oportunidades e desenvolvimento para o Vale da Ribeira. As críticas de ambientalistas ao projeto, na opinião do prefeito de Apiaí, Donizete Rosa, estão distantes da realidade da população, que sofre com a falta de emprego e renda.