Foto: Chuniti Kawamura/O Estado |
Sem conservação, estrutura balança devido ao peso de cada caminhão que passa. No fim de semana, duas pessoas morreram no local devido à falta de sinalização. continua após a publicidade |
Estreita, sem sinalização e bamba. Essa é a situação de uma ponte que divide os municípios de Curitiba e Fazenda Rio Grande. No final de semana duas pessoas morreram ao desabar da cabeceira da ponte, já que ela fica em uma curva e não existe nenhuma placa indicando a condição da via. Sem conservação, a estrutura balança a cada veículo que passa.
A ponte, que fica sobre o Rio Iguaçu, se localiza no final da rua Nicola Pelanda, no bairro Umbará, em Curitiba, via usada como alternativa de acesso a Fazenda Rio Grande para desviar da BR-116. O tráfego no local é intenso, principalmente de caminhões de empresas que estão instaladas na região, já que a estrada é considerada um acesso secundário do Parque Industrial de Fazenda Rio Grande ao norte do Paraná, Porto de Paranaguá, bem como aos estados de Santa Catarina e São Paulo. Além de ser muito estreita – só passa um carro por vez – a ponte balança toda a estrutura com o peso dos carros e caminhões.
Quem utiliza o acesso sabe do perigo que corre, mas afirma que não tem outra alternativa. O caminhoneiro Sérgio de Lima afirma que passa pelo local várias vezes por dia e sente a ponte balançar. ?A gente não tem outra alternativa, senão, tenho que ir pela BR e fica muito mais longe?, disse. Ele conta que já viu dois carros caírem no rio. A mesma situação foi confirmada pelos motoristas Jacir Frank e Milton Bonetes. Segundo eles, um caminhão teria caído no rio há quinze dias, da mesma forma que o Fiesta que caiu no final de semana e acabou vitimando Quirino Costa, 53 anos, e Narcísio Carminatti, 58. Para tentar ?sinalizar? para os motoristas que não conhecem a via, foram colocadas estacas de madeira com garrafas de plástico na curva.
Ponte da discórdia
E, mesmo diante da situação crítica, ninguém quer se responsabilizar pela ponte. O coordenador do Programa de Integração de Transporte (PIT) da Coordenação da Região Metropolitana (Comec), Valter Fanini, afirmou que a via será incluída em um corredor de transporte urbano que pretende tirar esse tráfego da BR-116. Todas as linhas de ônibus que vão para Fazenda Rio Grande passarão por esse local e a atual ponte será substituída por uma estrutura mais moderna. No entanto, isso não tem previsão de acontecer. Segundo Fanini, as obras emergenciais de recuperação são de responsabilidade das prefeituras dos dois municípios.
A Prefeitura de Curitiba jogou a responsabilidade para o Departamento de Infra-Estrutura de Transportes (Dnit), alegando que não é uma via local. Já o Dnit, por sua vez, argumentou que a ponte não está em rodovia federal, então é responsabilidade do Departamento de Estradas de Rodagem (DER). Mas o DER afirmou que a região pertence ao município de Fazenda Rio Grande, que é quem deveria recuperar a ponte.
Já o prefeito de Fazenda Rio Grande, Antônio Wandscheer (PPS), repassa a bola para a Comec. Segundo ele, a recuperação da ponte faz parte de um projeto que está sendo licitado pelo governo do Estado. ?A situação já foi resolvida pelo governador Roberto Requião. Existe dinheiro do BID depositado há mais de dois anos, o Estado paga taxa de permanência por esse recurso, mas falta agilidade dos assessores da Comec para decidirem a licitação?, afirma. A obra está incluída nos R$ 60 milhões do PIT.
Wandscheer disse que, no ano passado, alertou ao presidente da Comec, Alcidino Bittencourt, que a ponte podia cair e havia risco de pessoas morrerem. Anteontem, o prefeito voltou a falar com Alcidino sobre o problema da ponte, após o acidente fatal do último sábado. Para o prefeito de Fazenda, a obra na ponte é de suma importância. ?É uma ponte histórica, por onde passaram os tropeiros, que vai aumentar e criar desenvolvimento industrial à nossa cidade, além de desviar o tráfego da BR-116?, diz.