O Viaduto João Negrão, mais conhecido pela população como Ponte Preta, será restaurado e transformado em uma passarela para pedestres. A obra que deve começar em dezembro deste ano foi anunciada nesta terça-feira (13) pela Secretaria de Estado da Cultura (Seec).

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A ponte é alvo de polêmica na cidade. Tombada pelo Patrimônio Cultural do Estado desde 1976, a permanência da estrutura sobre a Rua João Negrão, no bairro Rebouças, é questionada sempre que um veículo que transita com altura superior a permitida para o local – 3,6 metros – acaba batendo na ponte, causando prejuízos à estrutura e transtornos ao trânsito.

Com as obras de restauração, o Conselho Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico do Paraná espera que a obra seja preservada, uma vez que a revitalização do entorno prevê reforço na sinalização como sinais luminosos e sonoros que indiquem sempre que um veículo ultrapassar a altura máxima permitida. 

As obras também preveem a retirada da camada asfáltica sobre a João Negrão neste trecho para a recuperação do calçamento original em paralelepípedo. A transformação servirá como redutor da velocidade, além de ser parte da ambientação do patrimônio histórico.

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O trabalho de revitalização incluirá ainda intervenções de paisagismo no entorno e a transformação da ponte em passarela. Para o novo uso, a ponte receberá um sobrepiso em madeira sobre os trilhos e parapeitos de segurança. O acesso se dará por escadarias laterais. 

Depois da revitalização, a passarela servirá como ligação entre o shopping, a nova unidade da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e o empreendimento, no outro lado da João Negrão.

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Na opinião da coordenadora do Patrimônio Cultural da Seec, Rosina Parchen, a revitalização também irá ajudar a aumentar a consciência da importância histórica da ponte e a preservar o patrimônio cultural da cidade.

A obra será financiada pela Thá Incorporada, como contrapartida pela liberação de parte do recuo obrigatório para futura implantação de um empreendimento imobiliário da construtora, que será realizado no terreno ao lado esquerdo da ponte, entre as ruas João Negrão, Sete de Setembro e Conselheiro Laurindo.

O valor do investimento na recuperação da ponte não foi divulgado. De acordo com o gerente de incorporação da Thá, Diego Filardi, o custo poderá variar ao longo da obra dependendo das intervenções necessárias e a estimativa inicial poderá ser alterada.

Alternativas

Segundo o superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) no Paraná, José La Pastina Filho, ao longo dos anos várias alternativas para solucionar a questão da ponte foram propostas, como a retirada da obra, que não seria possível por se tratar de patrimônio histórico. Outras propostas foram o alteamento – elevação da estrutura – que também afetaria as características e técnica construtiva e o rebaixamento da via, que traria problemas com o escoamento da água e acesso as outras vias.

Ele explicou que o tombamento não diz respeito apenas à ponte, mas a técnica inovadora de construção utilizada na época, que torna a ponte única no mundo. Ele contou que a ponte não poderia ser construída a esta altura pelos métodos convencionais da época, mas que fazê-la mais alta traria risco aos viajantes, que em geral inclinavam-se para fora do trem para se despedir dos familiares.

A alternativa encontrada pelos engenheiros na época foi inovadora, utilizar dois enormes contrapesos nas cabeceiras da ponte que equilibrariam o peso do trem, motivo pelo qual, torná-la mais alta descaracterizaria a essência do tombamento.

Ele afirmou ainda que a decisão de manter a p,onte na altura original na restauração foi reforçada pelo fato de que a menos de cem metros do local existem duas vias de acesso alternativas para veículos com altura superior ao limite. “A ponte não é um problema ao trânsito. É uma questão apenas de respeito à sinalização”, reforçou.

Restauração

De acordo com o engenheiro responsável pela obra, Raul Ozorio de Almeida, o objetivo é utilizar na restauração as mesmas técnicas que foram utilizadas na construção da ponte, no início da década de 40. “A ideia é que depois de prontas mesmo especialistas não consigam distinguir quais eram as peças antigas e quais são as novas, vamos deixá-la igualzinho ao que ela é”, afirmou.

Ele é filho de um dos responsáveis por construir a obra, o também engenheiro Roberto Saraiva Ozorio. Raul explicou que o projeto também inclui o mínimo de prejuízos possível ao trânsito.

Pelo projeto, nos meses em que for necessário realizar a pintura e obras na estrutura, entre janeiro e fevereiro de 2012, será preciso interditar apenas uma das faixas da João Negrão, uma vez que todo o acesso dos operários à obra será feito pela parte de cima da ponte.