Depois de um atraso de quatro anos, finalmente começou na semana passada a restauração da ponte pênsil Alves de Lima, localizada entre os municípios de Ribeirão Claro, no norte do Paraná, e Chavantes, no Estado de São Paulo. A ponte, construída na década de 20, estava totalmente deteriorada e era alvo de vândalos que até chegaram a atear fogo em algumas partes dela.
A demora para iniciar as obras de restauro se deu por conta da burocracia. Por estar entre dois estados, todos os documentos e autorizações necessárias – como as ambientais, por exemplo – teriam que vir tanto do Paraná quanto de São Paulo, o que contribuiu com a demora.
Para se ter uma ideia do atraso, o primeiro cronograma que deveria ter sido cumprido ia de dezembro de 2007 até agosto do ano passado. Ou seja, a restauração deveria ser concluída em 2008. A empresa responsável pela obra é a Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), que fará a benfeitoria como contrapartida à construção da usina Ourinhos.
O presidente do Conselho Municipal de Cultura de Ribeirão Claro, Luís Carlos Fernandes, explica que no início a empresa iria se valer da Lei Rouanet, o que não foi possível. Então, a CBA contratou a empresa Formarte, de São Paulo, para fazer o projeto. “A ponte é importante, já foi tombada pelos patrimônios históricos de São Paulo e do Paraná e agora estamos com o processo no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Mas ela estava horrível, não tinha nem como passar”, comenta.
A gerente do projeto de restauração da Formarte, Danielle Correia, explica que o processo já está na fase da análise das madeiras que compõem a ponte. “As madeiras vão sendo retiradas aos poucos. Retira um pedaço e monta outro, assim sucessivamente”, diz. No total, serão investidos cerca de R$ 2 milhões na restauração, recurso todo da CBA. A ponte também é composta por concreto e cabos de aço, que são responsáveis pela sustentação.
A usina de Ourinhos foi construída pela CBA com o aproveitamento das águas do Rio Paranapanema, localizado entre as cidades de Ourinhos, em São Paulo, e Jacarezinho, no Paraná. Sua primeira unidade entrou em operação comercial em dezembro de 2005. A potência instalada é de 44 megawatts (MW) e a energia gerada é de 207 mil MWH/ano. O período de concessão é de 35 anos, e foi iniciado em julho de 2000.
Metade da estrutura suspensa
Prefeitura de Ribeirão Claro/Divulgação |
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A ponte pênsil Alves de Lima tem 164 metros de cumprimento. |
A ponte pênsil Alves de Lima tem 164 metros de cumprimento e 4,10, de largura. Apenas 82,5 metros formam a parte suspensa. Ela é uma importante ligação entre os dois municípios, uma vez que a transposição do Rio Paranapanema se tornou uma dificuldade na hora de escoar a produção agrícola.
No início, a travessia era feita por uma balsa, que não era um meio de transporte seguro. Por conta da produção de café, os fazendeiros da região resolveram construir uma estrada de ferro.
A construção da ponte pênsil Alves de Lima foi a salvação dos agricultores na década de 20.
A ponte tem uma história no mínimo trágica, e não foi só atraso de quatro anos que a atingiu: ela foi destruída três vezes. A primeira destruição aconteceu em 1924, durante a Revolução Paulista. Depois do confronto, a ponte foi reconstruída até o ano de 1928. Em 1932, durante a Revolução Constitucionalista, a ponte foi novamente ,vitimada, sendo que foi reerguida em 1936. Foi destruída pela terceira vez em 1983, por conta de uma enchente.