A Ponte Internacional da Amizade, que une o Brasil ao Paraguai na região da Tríplice Fronteira, foi liberada ao tráfego de veículos e pedestres ontem. Ela tinha sido fechada na segunda-feira. Mesmo assim, a via, palco de vários protestos nos últimos dias, poderá ter o trânsito interrompido a qualquer momento por trabalhadores que protestam contra a fiscalização das autoridades paraguaias para coibir a presença de brasileiros sem autorização atuando no comércio do país vizinho. Pela manhã, pelo menos 30 brasileiros tiveram de voltar para Foz do Iguaçu. Eles apresentaram a documentação paraguaia, mas a maioria não soube indicar o endereço da residência no país vizinho.
Ficais do Ministério do Trabalho paraguaio e do IPS, uma espécie de instituto de previdência do Paraguai, percorreram ontem lojas e shopping centers de Ciudad del Este à procura de trabalhadores ilegais. A estimativa é que cerca de duas mil pessoas cruzem a fronteira diariamente para exercer funções de vendedores, técnicos de manutenção, entre outras. Quem está com documentação irregular tem que voltar a Foz do Iguaçu e a documentação suspeita dos brasileiros fica retida.
A crise na fronteira ficou tensa na última semana, quando a Delegacia da Receita Federal (RF) de Foz do Iguaçu anunciou uma nova investida no combate ao contrabando e descaminho na região. De acordo com o delegado-chefe, José Carlos Araújo, o alvo desta vez seriam os veículos utilizados para transportar mercadorias e passageiros sobre a via. A primeira reação foi dos taxistas paraguaios, que fecharam a via durante quase toda a quinta-feira (9), após a apreensão de aproximadamente 20 veículos no lado brasileiro.
Autoridade paraguaias já afirmaram que a crise tende a se agravar nos próximos dias, caso o delegado da RF cumpra a determinação de não devolver os veículos paraguaios retidos no lado brasileiro. A solução poderá vir de uma reunião, ainda sem data definida, entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Nicanor Duarte Frutos.
