Foto: Valquir Aureliano/O Estado

 Centenas deles ficam nas árvores ao redor de grandes estruturas, como hospitais e escolas.

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Mundialmente, os pombos são conhecidos como o símbolo da paz. Porém, a aparentemente indefesa ave pode causar uma infinidade de doenças. A gripe aviária, que tem se propagado em algumas regiões da Ásia, é uma delas. Pelo menos por ora, dificilmente os pombos brasileiros se contaminarão, pois, para tanto, seria necessário que o vírus chegasse ao País através de aves migratórias ou clandestinas, como galos de briga. Entretanto, há outro males ligados aos pombos que apontam para a necessidade de um controle populacional da espécie.

Embora a ocorrência de zoonoses provocadas por esses animais seja esporádica quando comparada à outras aves, o que não deve provocar um alarme desmedido, nunca é demais a manutenção de alguns cuidados. "Há lugares específicos em que a presença de pombos é indesejável, como em hospitais. Esses locais concentram pacientes imunossuprimidos que, em contato com um fungo que pode estar presente nas fezes do animal, desde que em grande quantidade e local úmido, pode ser fatal", diz o professor da Universidade Federal do Paraná, Alexandre Biondo. Esse tipo de paciente tem o sistema imunológico prejudicado – é o caso de portadores do vírus da aids, transplantados ou oncológicos. "Eles estão mais suscetíveis a contrair a criptococose, que possui sinais pulmonares, neurológicos e cutâneos inespecíficos, que podem levar ao óbito". Como as estruturas dos hospitais que cuidam desses pacientes são altas, arquitetonicamente são atraentes aos pombos. Outros locais que costumam ter grande concentração desses animais são as escolas, pois durante o recreio as crianças costumam deixar restos de alimentos pelos cantos, o que atrai os bichos. "As crianças também têm o sistema imunológico mais frágil e por isso não é interessante uma grande concentração das aves no local onde elas ficam boa parte do tempo".

Controle

Segundo o Centro de Controle de Zoonoses de Curitiba (CCZ), a cidade ainda não tem um estudo importante sobre o tema. Justamente por isso, não se pode mensurar o nível de contágio dos pombos curitibanos, já que não se sabe se eles são portadores do Cryptococus neoformans, que causa a criptococose. Dados de outros países da América Latina, dão conta que pelo menos 80% das aves são contaminadas e podem transmitir zoonoses.

Como medida preventiva, mesmo sem dados cientificamente concretos, o CCZ trabalha em uma campanha, orientando as pessoas para que não alimentem os pombos nas ruas. "As pessoas contribuem com o aumento populacional dos pombos com essa atitudes, especialmente fazendo isso perto de hospitais", diz a bióloga Cláudia Staudacher. Como não há uma legislação específica no município que autorize a colocação de placas proibindo a alimentação de pombos, o trabalho visa mais a conscientização e auxílio, no caso de reclamações através do 156, pois há pessoas que alimentam e outras que não suportam a sujeira proporcionada pelas fezes das pombas. "Além de não alimentar as pombas, há medidas na estrutura física das construções para evitar que as aves se instalem". 

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