O pastor Izaltino de Oliveira, que mora na Rua Marco Polo, a poucos metros do Rio Atuba, diz que a vizinhança não aguenta mais a situação. “Tem dias que isso fede de um jeito insuportável. As pessoas nem conseguem passar pelo parque. Parece que de madrugada despejam os produtos mais fortes, pois é pior pela manhã. Às vezes dá para sentir esse cheiro até a porta da minha casa”, reclama.
O canal por onde correm os resíduos passa ao lado da pista de cooper do parque, antes de desembocar no Atuba. Em poucos minutos no local, a reportagem viu a cor da água mudar claramente de vermelho para azul. Em meio aos tons vivos, muitas manchas de óleo, que atingem a vegetação pelo caminho.
Moradora do Bairro Alto há 40 anos, a dona de casa Jorgina Pires diz que os resíduos estão destruindo a região. “Alguém precisa tomar uma providência. Antigamente a gente costumava tomar banho e beber água no rio. Agora tem dias que venho ao parque com meus netos e não dá para ficar, por causa do fedor”, relata.
O Parque Histórico da Vilinha fica na divisa com Pinhais. Atrás de um muro nos fundos do parque, fica o Jardim Pedro Demeterco, bairro do município vizinho que concentra um grande número de indústrias, das mais diversas atividades, como gráficas, metalúrgicas, distribuidoras de combustível e usinas de asfalto. É de lá que vêm os resíduos que, depois de passarem por dentro do parque, caem diretamente no Rio Atuba.
Sem solução
O vereador curitibano Jair Cézar (PSDB) diz que há anos tenta resolver o problema. “É um crime ambiental e ecológico produzido pela prefeitura de Pinhais, desde 2002. Desviaram o esgoto local para dentro da Vilinha. Uma palhaçada do município. Construíram uma usina de asfalto, que faz uma sujeira terrível, dentro de uma área de proteção ambiental”, acusa.
A prefeitura de Curitiba diz que técnicos da Secretaria do Meio Ambiente já fizeram uma vistoria no local e constataram que os resíduos vêm mesmo de uma indústria localizada em Pinhais. Por isso, o caso teria sido repassado ao Instituto Ambiental do Paraná (IAP). A reportagem também tentou entrar em contato com o IAP e com a prefeitura de Pinhais, mas não obteve resposta.
Marco André Lima |
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Tons na água do Atuba até são bonitos, mas o problema é o despejo de resíduos químicos, que gera sujeira e mau cheiro. |
Veja o vídeo do rio colorido.