Os rios não estão para peixe na Bacia do Alto Iguaçu, região de Curitiba. O Projeto Jundiá, desenvolvido pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), fez o monitoramento de 21 pontos da bacia e descobriu que em apenas seis é possível fazer a soltura de peixes. Nos demais, a poluição tomou conta. Ontem, em São José dos Pinhais, cerca de três mil bagres juvenis ganharam as águas do Rio Pequeno. A intenção é repovoar o local e chamar a atenção da população para a importância de se preservar os rios.
Segundo o coordenador do projeto, Peter Gaberz Kirschni, o estudo começou a ser desenvolvido há cerca de dois anos e meio. A idéia é fazer a caracterização de algumas espécies de peixes que vivem na bacia, como o jundiá (bagre) e o lambari, além de descobrir em que pontos vivem e qual a quantidade existente.
Os dados levantados até agora não são muito animadores. Peter explica que, para cobrir toda a bacia, foram escolhidos 15 pontos de estudo. Desses locais, em três a qualidade da água se mostrou em condições apenas razoáveis. Depois disso, os pesquisadores procuraram áreas mais altas da bacia e encontraram outros seis pontos onde a qualidade da água é boa. Eles incluem as três represas de abastecimento de água da região de Curitiba: Irai, Piraquara e Passaúna, além dos rios Miringuava, Piraquara e Pequeno.
Ontem foram soltos cerca de três mil peixes juvenis, com três meses de idade, no Rio Pequeno. Os exemplares serão monitorados para saber os resultados do projeto de repovoamento. Eles atingem a maturidade com um ano de vida. As matrizes foram capturadas no próprio rio.
O estudo revelou também que a poluição vem fazendo com que os peixes da mesma espécie apresentem variações genéticas. Embora vivam na mesma bacia, não têm contato com os outros porque estão cercados por ilhas de poluição e isso vem diferenciando o DNA dos vários grupos.
Mas, além de traçar um panorama da situação das peixes, o projeto também visa conscientizar a população sobre a importância de preservar os rios. Hoje outros peixes serão soltos no parque Passaúna, em Curitiba, com a participação de crianças. O projeto tem vários parceiros, entre eles a Itaipu Binacional.