Foto: Aliocha Maurício/O Estado |
Problema se tornou comum para muitos moradores do local. |
O Parque Iguaçu, na divisa de Curitiba com São José dos Pinhais, amanheceu ontem com pontos de espumas brancas mal-cheirosas em pelo menos dois córregos que deságuam no Rio Iguaçu, o maior do Estado. Apesar do problema não ser novo, não se sabe ao certo a origem da poluição, que em alguns locais passou dos dois metros de altura e chegou a invadir a rua que leva ao zoológico de Curitiba, um dos cartões-postais da cidade.
Moradores dizem que convivem com o cheiro forte há bastante tempo. ?Faz cinco anos que me mudei para cá e, há pelo menos três, quando venta forte, o cheiro fica quase insuportável?, conta Elder Richter, profissional de recursos humanos que tem uma residência vizinha ao parque. Ele diz que a paisagem mudou. ?Era comum vermos maior variedade de animais no rio, como capivaras. Mas elas desapareceram?, relata.
Outra atividade dos visitantes do parque, como a caminhada, foi afetada pelo problema. ?Antes podíamos caminhar do zoológico em direção à Marechal Floriano. Agora, já evitamos?, diz Richter. Lucas Santos da Silva, que cuida dos carros no estacionamento do zôo, conta que é comum em dias de calor ver os turistas reclamando do cheiro.
A comerciante Dória Deroso, que costuma ir ao parque para caminhar, partilha da mesma queixa. ?Está ficando difícil andar no parque e aproveitar a natureza.?
O Instituto Ambiental do Paraná (IAP) enviou uma equipe ontem para fazer uma análise da espuma. Mas segundo Celso Bittencourt, diretor de Estudos e Padrões Ambientais do órgão, a poluição deve ser proveniente de ligações clandestinas de esgoto doméstico. ?Iremos fazer a análise da espuma. Mas pelas características, é quase certo que o problema seja este.? De acordo com Bittencourt, as ligações são feitas na rede pluvial e, quando chove, a água é levada até os córregos. Nos pontos onde existem quedas a espuma se forma.
A região do Parque Iguaçu onde se localiza o zoológico é cercada por áreas de ocupação irregular, como as Vilas Pantanal e União. Segundo Bittencourt, caso se constate que o problema é causado pelas ligações irregulares de esgoto, a Prefeitura e a Sanepar deverão ser acionadas.
Ligações
Os técnicos da Sanepar levantaram as mesmas suspeitas que os técnicos do IAP em relação à espuma. O problema viria de dois bairros da região, onde não existe rede coletora de esgoto. Segundo a empresa, nesse caso os moradores deveriam usar fossas sépticas para evitar a contaminação dos mananciais.
Hoje a cobertura da rede em Curitiba é de 80,82% e na Região Metropolitana, 57,63%. Mas a empresa diz que trabalha junto às prefeituras para ampliar estes números. A Sanepar também tem o projeto Se ligue na rede!, que orienta a população a fazer corretamente a ligação do esgoto. Muitas vezes o esgoto doméstico está ligado à galeria de águas pluviais e o material vai parar nos rios e lagos da cidade. Não dá para saber exatamente quantas casas estão nessa situação. Mas a Sanepar já fez uma varredura nos bairros Jardim Social e Bairro Alto vistoriando todas as casas.