Policiamento não afasta pichadores do Largo

Nem o reforço no policiamento impediu novas pichações no Centro Histórico de Curitiba. Em qualquer lugar da cidade os rabiscos são visíveis, nada escapa da ação dos vândalos. Os comerciantes e até o padre da histórica Igreja da Ordem já desistiram de reformar a pintura.

No Largo da Ordem, agora há um carro da PM de plantão 24 horas. Mas mesmo assim os pichadores ainda têm conseguido fazer seu “trabalho”. Os comerciantes também reclamam que após o fim de semana, quando retornam à loja, novos rabiscos estampam as fachadas e até os vidros das janelas são riscados.

Para o monsenhor Luiz de Gonzaga Gonçalves, o que falta são medidas punitivas. Já a coordenadora de projetos e eventos sociais da Fundação Cultural de Curitiba, Thaísa Marques Teixeira, aponta que a saída é transformar os pichadores em artistas urbanos.

O sacerdote conta que a última reforma para cobrir as pichações na igreja histórica foi em abril do ano passado. Nela foram gastos cerca de R$ 5 mil. Agora ele desistiu de repintar e periodicamente faz arremates com tinta sobre os rabiscos. Muitas vezes a água e o sabão é que dão um jeito.

O padre diz que sempre houve este problema, mas a situação piorou nos últimos anos. Para ele o que falta é punição aos culpados. Diz que já levou vários pichadores até a polícia, mas não viu nenhum castigo. “Os pais deveriam pagar a tinta que a gente gasta na limpeza e os meninos deveriam realizar o trabalho”, argumenta.

Educação

Thaísa relata que o projeto educativo começou no ano passado. Nele procura-se mostrar a diferença entre a pichação e o grafite. Ela explica que a pichação é uma forma de marcar território, exprime um grito de revolta de um determinado grupo. Já o grafite é uma arte, onde através de desenhos os autores podem passar suas mensagens.

Para dar início ao projeto eles fizeram contato com movimentos organizados de hip hop que conhecem os pichadores e grafiteiros. A mensagem é transmitida em festivais de música, concurso de painéis e ainda de oficinas. Temas como não-violência, drogas e patrimônio público também são abordados.

A coordenadora ainda não sabe mensurar o retorno do trabalho mas tem certeza que está no caminho certo. Ela conta que quando a oficina chegou em um determinado bairro, um garoto pegou a tinta e foi pintar um muro de uma escola próxima. Ela foi atrás e conversou com ele sobre os painéis que estavam disponíveis para a pintura. O garoto ficou constrangido e pediu desculpas.

Thaisa acha que a saída para a cidade é transformar os meninos em artistas urbanos, fazendo com que abandonem a pichação e comecem a se expressar através da grafitagem, que só é realizada com a autorização dos proprietários.

Só no ano passado, atos de vandalismo custaram ao bolso do contribuinte curitibano R$ 1,5 milhão. O dinheiro daria para construir quatro unidades de saúde. Só o prejuízo na Secretaria de Meio Ambiente chegou em 2001, a 250 mil reais com a manutenção de bancos, floreiras, playgrounds, telas e placas de monumentos em praças e parques.

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