Policiais civis de todo o Paraná cruzaram os braços nesta quarta-feira (10). Na maior parte das delegacias do Estado, segundo o Sindicato das Classes Policiais Civis do Estado do Paraná (Sinclapol-PR), até as 23h59 de quinta-feira (11) somente serão atendidos flagrantes e crimes de alta repercussão. Mas, segundo a Secretaria de Estado de Segurança Pública e Administração Penitenciária (Sesp), das 22 subdivisões do Paraná, somente sete estão em estado de paralisação.

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Esta é a segunda paralisação da categoria neste mês. No dia 1º de agosto os policiais deixaram de fazer a guardas dos presos ­ atividade considerada por eles como desvio de função ­ durante 24 horas. Entre as reivindicações da classe, segundo André Gutierrez, presidente do Sinclapol, estão a troca dos coletes balísticos que estão vencidos, a aprovação do novo estatuto da Polícia Civil, o pagamento de promoções e progressões atrasados desde 2014, e a realização de concurso para a contratação de escrivães.

Na tarde desta quarta-feira os policiais devem entregar os coletes vencidos na Corregedoria da PC. Segundo Gutierrez, a previsão é que 2000 novos coletes sejam entregues aos policiais até semana que vem ­ o que cobriria aproximadamente 50% do efetivo da corporação.

Os policiais também protestam contra a guarda dos detentos. Segundo André, são cerca de 9 mil presos nas delegacias do Estado. “Isso é um problema crônico. Os policiais têm que transportar e cuidar dos presos enquanto são de interesse da investigação. Depois a responsabilidade passa a ser de algum órgão de execução penal”, disse o presidente do Sinclapol. Frequentemente há fugas das carceragens das delegacias. Na madrugada de terça-feira (9), em Campina Grande do Sul, um policial civil sozinho evitou a fuga de pelo menos seis dos 38 detentos que estavam na delegacia do município.

Novas paralisações

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André reforçou que os policiais vão continuar em estado de greve até que tenham as reivindicações atendidas pelo Governo do Estado. Ele não descartou a possibilidade de novas greves. “A população precisa saber e o governo precisa entender que estamos pedindo nada menos que os nossos direitos trabalhistas, que não estão sendo atendidos”, afirmou.

O presidente do sindicato ressaltou ainda que a intenção não é prejudicar a população. Por isso, a paralisação desta semana não atingiu o Instituto de Identificação, “porque houve muita reclamação da última vez”, explicou André.

Surpresa

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Em nota, a assessoria de imprensa da Sesp informou que a manifestação do Sinclapol causou ‘surpresa‘, tendo em vista que após o primeiro ato, em 1º de agosto, uma comissão foi recebida na secretaria e apresentou todas as reivindicações.

Ainda segundo a Sesp, ‘em relação aos pleitos que dizem respeito à Secretaria da Segurança Pública, foi apresentado ao Sinclapol o cronograma de retirada de presos de delegacia que está em andamento e também o processo de compra de coletes balísticos‘. A secretaria destacou que essa semana foi finalizada uma licitação para a aquisição de oito mil coletes, que estão sendo testados para, na sequência, serem entregues – o que deve acontecer nos próximos dias.

Sobre a retirada dos presos, a Sesp declarou que as 14 de obras de construção e ampliação de unidades prisionais já foram iniciadas e devem abrir quase sete mil novas vagas. Paralelamente, conforme a nota, o sistema penitenciário tem absorvido semanalmente detentos das delegacias.

Os pleitos de cunho salarial, segundo a Sesp, têm de ser tratados com outras secretarias.