Polícia Militar retira famílias de área no Novo Mundo

Cerca de 40 famílias que estavam ocupando há quatro meses um terreno na Rua Valdomiro Pedroso, no bairro Novo Mundo, em Curitiba, foram retiradas ontem pela Polícia Militar. A área pertence à construtura Cidadela, que em dezembro já tinha obtido na Justiça uma liminar de reintegração de posse. A demora no cumprimento ocorreu porque somente no dia 15 de março a empresa conseguiu da Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) a autorização para o reforço policial.

Ao todo, 140 policiais atuaram na desocupação, que começou por volta das 8h e foi concluída no início da tarde. O capitão do 13.º Batalhão da PM, Mário Lúcio Tatim, afirmou que não houve resistência por parte das famílias em deixar o local. ?Eles estavam sendo avisados desde dezembro que teriam que sair?, falou. A empresa disponibilizou caminhões para a retirada das casas e móveis, que foram levados para um deposito público no bairro do Uberaba. A advogada da Cidadela, Daisi Lacerda, explicou que esses objetos ficarão no local por um mês, à disposição das famílias.

E mesmo sabendo da liminar de reintegração, muitas pessoas investiram tudo o que tinham na construção das casas. A diarista Margarete Rodrigues estava inconformada em ver o casebre que ergueu na invasão ser destruído. Ela conta que pagava R$ 150 por mês de aluguel na Cidade Industrial de Curitiba (CIC) e resolveu se unir às famílias na tentativa de ganhar uma casa. ?Investi mais de R$ 2 mil aqui e agora está tudo no chão?, lamentou. A desempregada Ana Rosa Rodrigues Pereira tinha nas mãos o carnê das prestações do material de construção que usou para fazer uma casa de alvenaria. ?Agora tenho uma dívida de R$ 4 mil e não tenho a casa?, disse.

Três áreas

Com o filho que nasceu há dez dias, Renata dos Santos Lima e a mãe, Maria Ivone, também não sabiam para onde ir. Há quatro meses, elas ficaram sabendo da invasão e resolveram se aventurar, pois alegam que a fila de espera por uma casa da Companhia de Habitação de Curitiba (Cohab) é muito grande. Além disso, não conseguem pagar os valores do financiamento. ?Eu fui sorteada num terreno da Cohab, mas a prestação era de R$ 192 e eu não pude pagar?, contou Maria Ivone. As duas reclamaram que, mesmo ficando na rua, a companhia não dá qualquer tipo de apoio às famílias. A assessoria de imprensa da Cohab informou que não existe previsão de atendimento das pessoas despejadas ontem, pois precisa respeitar a fila de espera.

O terreno desocupado ontem no Novo Mundo fica ao lado do conjunto residencial Vila Bela, que foi construído pela Cidadela em 1997. De acordo com a advogada da empresa, existem projetos aprovados para novos blocos habitacionais na área desocupada.

A Cidadela tem ainda outros dois terrenos invadidos na cidade. Um deles fica na Rua Pedro Gusso, também no Novo Mundo, que foi ocupado há seis meses; e o outro, invadido em fevereiro deste ano, fica na Rua Rezala Simão, no Santa Quitéria. Daise confirmou que a empresa já conseguiu na Justiça a reintegração das áreas, mas o cumprimento depende da Sesp. Ontem, um oficial de justiça esteve no Santa Quitéria informando as famílias sobre a reintegração, mas as pessoas garantem que ficarão na área até a chegada da polícia. Essa foi a 151.ª desocupação realizada pela Sesp em áreas urbanas e rurais, desde 2003. 

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo