Quando a atuação vai além das obrigações da farda, cria-se um momento mágico de capacitação e solidariedade, capaz de transformar uma comunidade em situação de risco, numa região socializada, em condições de propiciar trabalho, lazer e cidadania aos seus moradores.

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A Polícia Militar do Paraná completou 156 anos de existência, na terça-feira, com 18 mil homens e mulheres em suas fileiras. Enfrenta dificuldades visíveis a olho nu, como falta de pessoal e salários não condizentes com as expectativas dos policiais.

Luta sem cansar contra o tráfico de drogas e o crime organizado, nem sempre em igualdade de condições. O “inimigo” usa armamentos de última geração, está a serviço do mal e tem muito pouco a perder.

Diante de um quadro que poderia ser desolador, a Polícia Militar renova atitudes para virar o jogo. Ampliando a missão de policiamento ostensivo e preventivo, a instituição parte também para a “segurança social”, dividindo responsabilidades e ensinando dizer “não” à violência, ao mesmo tempo que, com parcerias de todos os tipos, oferece condições de mudança radical, no melhor estilo “não dê o peixe, mas ensine a pescar”.

Piloto

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O projeto piloto de Segurança Social foi implantado ano passado, na Vila Osternack, Sítio Cercado, abrangendo 5 mil pessoas, num primeiro momento, e cerca de 15 mil se for considerado os benefícios expandidos para o entorno.

Tomada por traficantes e, recordista em violência, a vila registrava de dez a 14 assassinatos por mês. Este ano a média não passa de um homicídio mensal. A região foi escolhida como piloto justamente por ser “calcanhar de Aquiles” no que dizia respeito à segurança.

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Primeiro foi feita a “limpeza” na área, com policiamento rigoroso e prisões de traficantes, bandidos e assassinos. Depois, os moradores foram chamados a agir na construção da segurança pública local, trocando o apadrinhamento do tráfico, pela ação do Estado e de seus parceiros, que ofereceram geração de renda, capacitação através de cursos, ocupação para as crianças, possibilidade de expandir negócios.

Cooperativas

Deu tão certo, que a vila tem dois embriões de cooperativas, de costura e de alimentos (produz o tradicional biscoito chamado de “cueca virada” ou “orelha de gato”), salas de informática, duas escolas de música para crianças, escolinha de futebol e muita gente interessada em progredir. Traficante não se cria mais lá. Quando algum tenta, imediatamente é denunciado pela comunidade, que quer viver em paz.

O trabalho foi iniciado pela PM, com a coordenação do capitão Ronaldo Abreu. Logo depois se engajaram os clubes sociais e de serviço, igrejas evangélicas, a Copel, a Sanepar, a maçonaria, Universidade Federal, Secretaria de Educação e muitos outros, mostrando que tudo é possível, quando há boa vontade.

Divulgação/PM
Moradores se uniram pra produzir biscoitos.

Interação

Mara Cornelsen

Para o comandante-geral da Polícia Militar, coronel Luiz Rodrigo Larson Carstens, o mais importante é a integração da polícia com a comunidade, proporcionada pelo programa Segurança Social.

“É um trabalho que tem rendido muita satisfação. Esta integração da PM com a comunidade e parceiros tem mostrado, a cada dia, uma face difere,nte da corporação”.

“O projeto leva a preocupação da instituição com as questões da sociedade, atacando a origem dos problemas e viabilizando melhoria de qualidade de vida, oportunidade de emprego e renda e qualificação da comunidade”, avalia o coronel. O projeto deve se expandir, em breve, para outros bairros da capital e outros municípios.