Ao contrário do que prometeram na sexta-feira, taxistas, motociclistas e motoristas de vans paraguaios não fecharam ontem a Ponte da Amizade, que liga Foz do Iguaçu a Ciudad del Este. Os manifestantes se sentiram intimidados com a força policial paraguaia empregada para manter a fronteira aberta. A manifestação era uma forma de protestar contra o governo daquele país, que teria se comprometido a apresentar medidas que gerassem empregos na região. Até agora, nada foi feito, e a situação dos trabalhadores vem se agravando depois que a Receita Federal do Brasil intensificou a fiscalização, apreendendo táxis, motos e vans paraguaias que transportam mercadorias ilegais.
Cerca de mil trabalhadores – entre taxistas, motociclistas e motoristas de vans -, reunidos em assembléia na manhã de ontem, desistiram da idéia de bloquear a ponte devido ao grande aparato policial na área. A decisão de fechar a via havia sido tomada na última sexta-feira. Outro motivo que fez com que os manifestantes voltassem atrás teria sido uma decisão da Justiça brasileira, ordenando que 20 táxis apreendidos pela Receita Federal fossem devolvidos aos donos – uma das reivindicações da categoria. Mas a Receita Federal em Foz do Iguaçu revelou que nenhum despacho havia chegado ao órgão. Informou que só após analisar o conteúdo do documento poderia comentar sobre as medidas que seriam tomadas.
Depois da assembléia, os motoristas resolveram bloquear os dois acessos à Ponte da Amizade. A Avenida Luis Maria Argaña ficou totalmente interditada e a Ruta Internacional, parcialmente fechada. A intenção era proibir o transporte de mercadorias para o lado brasileiro, impedindo que outros motoristas continuassem trabalhando.
Mas a decisão não foi unânime. Apesar de haver um grande número de motoristas durante a assembléia, foram poucos os que concordaram em fechar os acessos. O movimento também não conseguiu apoio da população e do comércio local. À tarde, os manifestantes já haviam se dispersado e os policiais monitoravam a ponte.
Arrastão
A manifestação alterou o movimento na fronteira. Os mototaxistas brasileiros estavam indo apenas até a metade da ponte para buscar passageiros e mercadorias, com medo de que as motos fossem apreendidas. Durante o dia, também chegou-se a falar em arrastão nas lojas paraguaias para expulsar os trabalhadores brasileiros que trabalham ilegalmente no país, mas a informação não foi confirmada.
Segundo um dos dirigentes da Associação dos Taxistas Unidos de Ciudad del Este (Taude), Santiago Segovia, os taxistas estavam protestando porque estão sofrendo com a falta de emprego. De acordo ele, cerca de 80 taxistas já ficaram sem ter como trabalhar devido a apreensão de veículos paraguaios. Os taxistas também querem que o governo paraguaio negocie com as autoridade brasileiras para devolver os veículos apreendidos. Segovia calcula que passam de 35 táxis dentre os 240 veículos apreendidos até primeiro de março.
O governo brasileiro já disse que não vai afrouxar a fiscalização na fronteira e a devolução dos carros segue os caminhos legais, por processo administrativo ou através da Justiça.