Um dos segmentos que vem mostrando forte reação no cenário pós-pandemia é o de tecnologia da informação e comunicação (TIC). Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que, no país, a atividade cresceu 7,9% entre janeiro e novembro de 2020, comparativamente a igual período anterior.
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Apesar de as empresas paranaenses surfarem nessa onda, elas sentiram dificuldades no primeiro período da pandemia. Pesquisa feita pelo Sebrae/PR aponta que para 41,1% das empresas pesquisadas houve problemas na aquisição de novos clientes. E para outras 37,2% foi a manutenção de contratos já existentes.
“Devido ao início do isolamento social e a incerteza de como o ano seria para os negócios, muitas empresas deixaram de procurar por novos serviços ou precisaram cancelar contratos já existentes, por não terem a receita necessária para arcar com esses custos”, aponta o estudo.
87% das empresas, entretanto, sentiram, ao longo do período, um aumento pela procura nos serviços devido à necessidade de transformação digital por outras companhias. A procura foi maior pelos setores de prestação de serviços, varejo e indústria.
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A concorrência é forte na área: 44% dos pesquisados consideram que a principal ameaça é a busca por novos fornecedores por parte dos clientes. E 38,5% enxergam um crescimento na concorrência nacional.
As companhias paranaenses veem oportunidades na expansão do atendimento para outras cidades e estados, o crescimento do número de consumidores e o aumento na demanda de tecnologia para trabalho interno de equipes.
Desafios para a tecnologia de informação
Mesmo com um cenário mais favorável, o setor de TIC enfrenta uma série de desafios. O principal problema é a falta de profissionais. 44,8% das 399 empresas que participaram da pesquisa relataram essa situação.
“A pandemia ajudou a evidenciar a importância da área de TIC, que fortalece empregos, economia, gera soluções, qualidade de vida para as pessoas. O setor reagiu bem frente à crise, mas a busca por melhorias deve ser um processo contínuo, como o trabalho para reter talentos”, diz Lucas Ribeiro, presidente da Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação no Paraná (Assespro Paraná).
Um dos gargalos, segundo a pesquisa, está na forma com que as empresas direcionam investimentos para a área de recursos humanos. O Sebrae PR constatou que, em apenas 2,3% das empresas, o RH lidera os investimentos em tecnologia.
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“O baixo investimento para atualizar áreas como RH representa um grande risco para as empresas, pois as mesmas podem, a médio prazo, diminuir a sua competitividade para a retenção de talentos”, aponta o relatório. Em mais da metade das empresas não há um processo estruturado de recrutamento.
A principal competência buscada pelas empresas é a experiência na área (63,8%), seguida pela facilidade de trabalhos em equipe (59,8%) e formação técnica (51,2%).
“Visualizamos uma área em grande expansão, mas com risco de apagão de mão de obra. É preciso investir em mais capacitação para não limitar o crescimento das empresas”, diz Marcio Pinheiro, presidente da Iguassu IT, uma associação de empresas de tecnologia do Oeste do estado. “As pessoas migram de empresa com facilidade. Os atrativos são não apenas o salário, mas aspectos como bem-estar e tecnologia”, complementa.
Outro desafio importante para a área de TIC no Paraná é a falta de incentivos públicos ao setor: 27,7% das empresas relataram essa situação. E questões relacionadas ao setor público estão entre as principais ameaças aos negócios. As empresas reclamam do alto valor dos tributos nacionais e regionais.