PM despeja 50 famílias de área na BR-116

Cinqüenta famílias, totalizando cerca de duzentas pessoas, foram despejadas ontem de uma área de 200 alqueires localizada dentro da fazenda Chekiná, nas proximidades do quilômetro 52 da BR-116, em Campina Grande do Sul, na Região Metropolitana de Curitiba.

O despejo, batizado pela Polícia Militar de Operação Rio Bonito, teve início às 6h30 e foi realizado em obediência a uma ordem de reintegração de posse emitida nos últimos dias pela Justiça. Participaram das atividades cerca de trezentos policiais, muitos acompanhados de cães e cavalos.

Segundo o comandante da operação e sub-comandante do Batalhão Metropolitano de São José dos Pinhais, major Marco Aurélio Czerwonka, a área da fazenda é alvo de uma disputa entre dois proprietários. Um deles, o pastor Armando França Nunes, que diz ter comprado as terras em 1969, foi uma das pessoas despejadas. "Moro na área há 34 anos, em uma casa de alvenaria de 240 metros quadrados. Paguei pelo lugar e tenho direito a ele. Com esse despejo, a Justiça está sendo extremamente injusta. Minhas coisas estão sendo retiradas e não sei para onde vou. A única solução que enxergo é acampar na praça central de Campina Grande, pois não tenho onde ficar", afirmou Armando, que, bastante desesperado, fixou faixas de protesto ao longo da BR-116.

Além dos familiares do pastor, estavam na fazenda integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST). Eles se instalaram no local com barracas de lona no último mês de dezembro, com autorização de Armando. Muitas das pessoas que se juntaram ao movimento viviam em favelas ou pagavam aluguel em cidades próximas à capital. Era o caso do técnico em telecomunicações Jorge Paulo Golembiewski. "Fui convidado por algumas pessoas (não soube informar quem) para acampar na fazenda e topei, na esperança de adquirir um local próprio para morar. Eu, minha esposa e meus dois filhos, de 6 e 8 anos de idade, morávamos de favor na chácara do meu sogro, em Bocaiúva do Sul. Agora, vamos ter que retornar para lá."

A desocupação foi realizada ao longo de todo dia e os pertences das pessoas que não tinham para onde ir foram levados a depósitos em Campina Grande do Sul. Durante a operação, a polícia apreendeu armas e ferramentas, como enxadas, foices e facões. "Embora os trabalhos tenham sido realizados de forma pacífica, recolhemos tudo que poderia ser utilizado em uma possível reação à ação dos policiais. O efetivo utilizado foi grande porque não sabíamos ao certo que situação iríamos encontrar ao chegar à fazenda", informou o major Marco Aurélio.

Durante a manhã, os policiais também identificaram entre as pessoas despejadas uma adolescente de 14 anos, originária do Estado de São Paulo, que estava sem documentos e sem a companhia de familiares. A menina foi encaminhada ao Conselho Tutelar de Campina Grande. O vencedor da ação de reintegração de posse e adversário de Armando França Nunes na disputa pelas terras não foi localizado para dar entrevista. Porém, de acordo com a PM, ele entrou com processo judicial solicitando a posse da fazenda há cerca de 18 anos.

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