A Fazenda Ribeirão Bonito, em Jundiaí do Sul, no Norte Pioneiro do Paraná, que pertence ao ex-senador e ex-presidente do Bamerindus, José Eduardo Andrade Vieira, foi desocupada ontem de modo pacífico. A propriedade tinha sido invadida no sábado passado por um grupo de aproximadamente 200 trabalhadores sem terra ligados ao Movimento dos Agricultores Sem Terra (Mast). Ainda no sábado à tarde, o advogado do proprietário conseguiu liminar de reintegração de posse expedida pela juíza Francieli Estela Albergoni de Souza, de Ribeirão do Pinhal.
Antes de invadir a área, os sem terra já viviam em um acampamento próximo à fazenda, na PR-439. Porém, como de praxe, o 2.º Batalhão da Polícia Militar de Jacarezinho, que responde à jurisdição da área, enviou o documento à Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp), em Curitiba, e passou a aguardar ordens superiores para fazer valer a ordem.
Nesse ínterim, o major Airton Diniz, responsável pelo batalhão, enviou um grupo de homens para o local, a fim de apaziguar os ânimos. ?Desde o início, o senhor Pedro Xavier, líder do acampamento, mostrou-se amistoso. Por isso, ontem, a desocupação foi tranqüila. Talvez, a mais calma de que eu tenha notícia?, explicou.
Segundo Diniz, 200 homens foram deslocados de batalhões de Ponta Grossa, Cornélio Procópio, Rolândia, Apucarana, Paranavaí, Campo Mourão, Maringá e Cruzeiro do Oeste para trabalhar na operação, que foi coordenada pela Sesp. ?Quando chegamos, as crianças já não estavam mais no local e tivemos que retirar apenas 164 adultos que permaneciam na área. Eles até já estavam desmontando o acampamento, pois já sabiam da determinação da Justiça?.
De lá, ainda segundo informações do major, parte dos sem terra voltou para a rodovia, onde 30 barracas ainda estavam armadas. Outros foram levados a cidades próximas a Jundiaí do Sul, como Ribeirão do Pinhal, Guapirama e Curiúva. ?Não acreditamos que eles voltem, pois ficaram cientes que a referida propriedade não é passível de processo de reforma agrária?, disse o major.
O líder do acampamento, Pedro Xavier, foi procurado pela reportagem de O Estado, porém não foi encontrado para informar os próximos passos dos sem terra vinculados ao Mast.