Foto: Átila Alberti/O Estado

 A área desocupada ontem na capital tinha cerca de 200 pessoas.

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Moradores de uma área invadida no bairro Cachoeira, em Curitiba, foram surpreendidos na manhã de ontem com a chegada de policiais militares, acompanhados por um oficial de Justiça e a dona do terreno, Célia Carter. A ordem era desocupar o terreno, de 14,5 mil metros quadrados, numa ação de reintegração de posse. A área era ocupada por cerca de 200 pessoas e, segundo informações da Secretaria de Segurança Pública do Paraná, a invasão se deu em 14 de agosto deste ano.

A falta de um aviso prévio revoltou os moradores, que asseguraram ter pago pelo terreno. O jardineiro Nilson Pires de Camargo foi o primeiro a ter sua casa derrubada e estava inconsolável. ?Não tenho para onde ir com minha esposa e meus três filhos. Acordei com um policial com palavras de ordem, me ameaçando de prisão. Não tive outra opção senão sair. Eles pelo menos poderiam ter avisado antes?, disse o morador. Ele conta que pagou R$ 1 mil pelo terreno e que gastou R$ 2 mil para construir a residência, que foi colocada abaixo. ?O recibo da compra está na casa da minha mãe e não tenho como buscar agora. Mas vou atrás de meus direitos?. Ele teria comprado a área de uma mulher chamada Salete, da qual ele não se recorda o sobrenome. ?Isso terei que ver no documento?.

A proprietária do terreno, Célia Carter, diz que o adquiriu há 20 anos, da Família Schuança, e que há alguns anos vem enfrentando problemas com invasões. ?Em 2003, o capitão do Exército Manuel Antônio Piemontês comandou uma invasão. Fui à Justiça, mas em 2004 ele fez de novo, através de Otácilo da Silva, que foi atrás dos antigos moradores?, diz Célia, que fez questão de tirar do próprio bolso o dinheiro do carreto para transportar os móveis dos moradores da invasão. Célia reve-lou há um advogado tentando defender os moradores, chamado Moacir Tadeu Furtado. ?Segundo consta, essa pessoa tem cerca de cem procurações de moradores, contestando a escritura?. O morador Nilson Pires de Camargo confirmou a existência de um advogado no caso, ao qual cada morador paga R$ 10 por mês. ?Não sei o nome dele, apenas que diz que temos direito de permanecer aqui?.

Interior

As fazendas Ana Fraga, em Jundiaí do Sul, Linda Flora, em Abatiá, Bom Sucesso, em Cascavel, também foram desocupadas na manhã de ontem, intermediadas pela Comissão de Mediação de Conflitos Agrários da Secretaria de Estado da Segurança Pública do Paraná.

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A Fazenda Balsa Nova, no município de Jundiaí do Sul, norte do Estado, estava ocupada por 200 pessoas ligadas ao Movimento dos Agricultores Sem Terra (Mast) que saíram pacificamente da propriedade. Eles haviam invadido a fazenda no dia 13 de abril de 2005.

Em Abatiá, também no norte do Estado, a Fazenda Linda era residência de 150 pessoas ligadas ao Mast, que saíram da propriedade, após uma negociação com a Comissão de Mediação de Conflitos Agrários. A fazenda estava ocupada desde o dia 17 de julho deste ano.

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Em Cascavel, na Fazenda Bom Sucesso, estavam acampadas 200 pessoas do Movimento de Libertação dos Sem Terra (MLST). Eles haviam invadido a propriedade no dia 8 de outubro deste ano.