Ailton Santos/Jornal Hoje
Acusados de assassinato no caso Syngenta continuam presos.

Mais de 500 policiais militares cumpriram, ontem, ordem de reintegração de posse na Fazenda Mestiça, no município de Rio Branco do Ivaí, região central do Paraná. Desde setembro, cerca de 600 pessoas do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ocupavam a fazenda.

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O prazo negociado com o comandante da operação para saída da fazenda foi de três dias, de acordo com José Damasceno, da coordenação estadual do MST. ?O pessoal está, agora, tentando aproveitar a lavoura, pois tínhamos muita coisa aqui, como milho, feijão, mandioca e arroz?, afirmou.

Agora, os integrantes do MST devem se deslocar para a Fazenda Brasileira, no município de Ortigueira, que está em fase de pré-assentamento. ?Precisamos de tempo para retirar todos os objetos e animais. Por questão de segurança, faremos esforço para sair o mais rápido possível?, disse Damasceno.

Nas primeiras horas da manhã de ontem, o movimento ainda tentou negociar a saída. ?O MST recebeu resposta positiva do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) sobre a proposta de adquirir a área para reforma agrária, o que fortaleceu a idéia de permanecer no local?, disse Isabel Diniz, agente da Comissão Pastoral da Terra (CPT) no Paraná.

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Por meio de sua assessoria de imprensa, o Incra confirmou que seu interesse pela área é público, mas que é um terreno produtivo e, apesar de várias conversas sobre uma possível venda, a proprietária da fazenda não formalizou nenhum pedido de negociação.

Isabel conta que, durante o início da tarde, enquanto o MST fazia assembléia para decidir como faria a saída, parte do efetivo policial ocupou o espaço central do acampamento, causando tumulto, o que deixou o ambiente tenso por cerca de duas horas.

Syngenta

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Os três seguranças e o dono da empresa NF, envolvidos no conflito da fazenda da Syngenta Seeds (município de Santa Teresa do Oeste), em outubro, continuam na 15.ª Subdivisão da Polícia Civil de Cascavel, aguardando a decisão sobre o pedido de habeas corpus, ingressado na segunda-feira pela advogada Edinéia Sicbneihler.

Até o começo da noite de ontem, o pedido continuava na 1.ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Curitiba, tendo como relator o juiz convocado Luiz Osório Moraes Panza. Os dois integrantes da Via Campesina que tiveram a prisão decretada, Celso Ribeiro Barbosa e Célia Aparecida Lourenço, continuam foragidos.

Amanhã acontece a primeira audiência sobre o caso, na 1.ª Vara Criminal de Cascavel, onde as 19 pessoas denunciadas pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR) devem ser ouvidas.