Médicos que atendem por planos de saúde reclamam que algumas operadoras estão exigindo que a liberação de exames e outros procedimentos ocorra ainda no consultório. Quando o médico faz o pedido, o paciente deveria sair com tudo já liberado. Isto está acarretando mais custos e transtornos para os médicos, de acordo com o Sindicato dos Médicos no Estado do Paraná (Simepar), que vem recebendo estas reclamações.
“Algumas operadoras começaram a implantar este sistema. Os médicos precisam agora de uma linha de telefone só para marcar consulta e outra só para liberar exame, além de deixar funcionário para fazer isto. O médico fica com mais uma responsabilidade”, comenta Claudia Paola Carrasco Aguilar, diretora do Simepar.
Ela acredita que a exigência de liberar os exames no consultório faz com que as operadoras de planos de saúde repassem o custo desta função para os médicos, além de desestimular a realização de procedimentos. “Os médicos associados que forem obrigados a fazer a liberação podem entrar com ações por meio do sindicato para cobrar estes custos e ainda não ter mais a responsabilidade de fazer algo que não é sua função”, explica Claudia. Nenhuma ação judicial ainda foi proposta, mas já houve consultas na assessoria jurídica do Simepar.
O Paraná Online apurou que 60% dos exames da Unimed Curitiba já estão sendo pedidos pelos próprios médicos e que o novo sistema começou a ser implantado em 1º de março. Oficialmente, a Unimed Curitiba comunicou, em nota, que não se enquadra nesta questão por ser uma cooperativa de trabalho médico, não ocorrendo a relação de empregado e contratado. Já a Amil informou que não solicita aos médicos credenciados a liberação de exames e outros procedimentos pela internet após cada consulta. Segundo a operadora, as liberações de exames podem ser realizadas pelo estabelecimento que vai executar o serviço ou pelo próprio cliente.
Tanto a Associação Brasileira de Medicina de Grupo (Abramge) quanto a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) informaram que não interferem na relação entre operadores de planos de saúde e prestadores de serviços.
Sobre a exigência de registro e liberação de exames após a consulta médica, a Abramge citou que cada operadora tem um método de trabalho próprio, conforme determinações locais.