Curitiba terá um plano municipal de políticas sobre drogas, que vai apontar objetivos e ações de cada setor da sociedade no combate ao uso de entorpecentes. O documento será elaborado a partir das discussões da 1.ª Conferência Municipal de Políticas sobre Drogas de Curitiba, que acontece até hoje no Salão de Atos do Parque Barigui e é promovido pelo conselho que trata sobre o assunto na cidade. “As drogas são feridas abertas na sociedade. O crack é o responsável pela epidemia de violência e morte”, comenta o secretário municipal Antidrogas, Fernando Francischini.
Especialistas serão ouvidos no evento sobre projetos e ações prioritárias que devem ser tratadas como política pública. “Necessitamos de um trabalho em rede, como acontece na prevenção da dengue e da gripe A”, comenta o secretário. De acordo com ele, em abril será lançado um edital para a criação de uma rede de comunidades terapêuticas. Haverá investimento de R$ 1 milhão por parte da prefeitura de Curitiba para a disponibilização de vagas gratuitas para a recuperação e tratamento de dependentes de drogas, especialmente crianças e adolescentes. “Esse é o primeiro projeto nesse sentido em todo o Brasil”, afirma Francischini.
Durante a abertura da conferência ontem, foi apresentado o resultado do mapeamento de comunidades terapêuticas em Curitiba e região metropolitana, onde há mais de mil vagas disponíveis. No entanto, a constatação não é animadora: dos 49 estabelecimentos identificados, apenas quatro teriam condições reais de funcionamento. Foram verificados problemas nas instalações físicas, a falta de equipe multidisciplinar (segundo as exigências legais) e falta de documentos. “Alguns nem sabem que necessitam de alguns documentos. Muitas comunidades terapêuticas atuam pela boa vontade mesmo”, conta Beatris Kemper Fernandes, ex-presidente do Conselho Municipal de Políticas sobre Drogas de Curitiba e presidente da ONG Casa do Peregrino.
De acordo com ela, a rede de comunidades terapêuticas primeiramente fornecerá assistência técnica para que todos os estabelecimentos passem por regularização. Depois serão feitos convênios para a abertura de vagas gratuitas de tratamento com recursos municipais. Atualmente há leitos sem custo em Curitiba, coordenados pela Central de Resgate da Fundação de Ação Social (FAS), que realiza uma triagem para o preenchimento das vagas.
Balanço
Em dois anos, a Secretaria Municipal Antidrogas implantou vários projetos voltados aos jovens em áreas de atuação de risco social. O projeto Bola Cheia, por exemplo, conta com a participação de cerca de 1,3 mil jovens. Eles participam de atividades esportivas às sextas-feiras e sábados, sempre das 21h à 1h da madrugada, horários com os maiores índices de criminalidade. Outro exemplo é a Rede de Colaboração Curitibana e Metropolitana. A Rede tem cerca de 5 mil pessoas cadastradas como agentes multiplicadores de informações. Eles fazem palestras multidisciplinares na tentativa de levar a prevenção às drogas. O projeto Papo Legal é outro que desponta, com mais de 7 mil crianças envolvidas nesses dois anos. As crianças recebem informações sobre cidadania e podem, ainda, conhecer o trabalho dos cães farejadores da secretaria por meio do projeto Cão Amigo.