Escolher a igreja, a floricultura, o cerimonial, a banda, o serviço de fotografia e filmagem… Quem casa precisa contratar uma série de profissionais para transformar em realidade um sonho. Tudo isso possui um preço – às vezes, salgado demais.

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Tem início a longa pesquisa de preços e a escolha dos profissionais capacitados e que oferecem bons serviços por valores acessíveis. O planejamento do casamento começa com antecedência.

Antes mesmo de fechar a data na igreja, que abre as agendas em determinadas épocas do ano. E esse talvez seja o primeiro item idealizado e definido por muitos casais. Existe o sonho de se casar em tal igreja.

De repente, esse sonho recebe um baque. Algumas igrejas de Curitiba possuem listas de indicações de profissionais e serviços. Quem já contratou certos serviços “por fora” pode ter que pagar uma multa por causa dos “fornecedores externos”, que não estão na relação de credenciados. Isso é proibido pela Arquidiocese de Curitiba, que já identificou pelo menos quatro igrejas onde a prática ilegal acontece.

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O auxiliar administrativo Luiz Felipe Figueiredo e a noiva Bruna estão planejando o casamento deles desde o início do ano. Pretendem realizar a cerimônia apenas em julho de 2010.

Os dois já pesquisaram profissionais para decorar tanto a igreja quanto a recepção que será realizada posteriormente. As empresas ofereceram aos dois pacotes de decoração. Fecha o contrato para a festa e a empresa faz também a decoração da igreja.

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Figueiredo ainda não assinou contrato. Mas ele e a noiva decidiram ligar na igreja escolhida por eles para verificar quando os profissionais poderiam ir até lá, com a intenção de estudar o local e as possibilidades de decoração.

Perguntados sobre quem era o fornecedor, um funcionário da igreja disse que a empresa não estava na lista de profissionais credenciados pela própria igreja. Para cada profissional fora da relação, eles teriam que pagar uma multa de R$ 350.

“A data da igreja ainda não estava fechada porque eles nos informaram que a agenda para o ano que vem abria somente em novembro deste ano. Mas a gente começou a já ver tudo. Quando ligamos, fomos informados que a igreja possuía um cadastro de fornecedores de flores, decoração, instrumentistas, cerimonial. Falamos que estávamos procurando nós mesmos. Veio a surpresa. Ficamos indignados”, comenta.

Depois disso, os noivos ligaram para outras igrejas e comprovaram que as mesmas exigências eram feitas. Somente em duas Figueiredo foi informado de que não havia indicações para a contratação de serviços. “A gente gostaria muito em fazer na igreja que a gente escolheu. Mas agora vamos procurar outra igreja que não faça desta forma”, afirma.

Diácono recrimina as exigências feitas

Segundo o diácono Sérgio Ferreira de Almeida, coordenador da Comissão de Liturgia e Pastoral Litúrgica da Arquidiocese de Curitiba, a prática diminuiu bastante entre as igrejas da capital, mas ainda acontece.

Na maioria das vezes, o padre responsável pela igreja nem sabe das exigências. São duas as possibilidades: funcionários que possuem empresas (floricultura, cerimonial, fotografia) e aqueles que recebem comissão dos “maus profissionais”, como classifica o diácono. “A paróquia não tem o direito de interferir na parte social”, comenta Almeida.

O diácono orienta os noivos a procurarem o padre caso sejam informados da imposição. Ele ressalta que alguns funcionários chegam a impedir o contato dos noivos com o responsável pela igreja. Caso o padre confirme as exigências, os noivos devem reportar a situação à Arquidiocese de Curitiba.

Os funcionários que realizam essa prática podem ser demitidos por justa causa. A punição dos religiosos é discutida pelo arcebispo metropolitano de Curitiba, dom Moacyr Vitti. (JC)