Um piquete em frente a empresa Francovig Transportes Coletivos, em Londrina, impediu ontem que os ônibus saíssem da garagem, prejudicando quem ia cedo para o trabalho. A empresa é responsável por 15% do transporte da cidade. O manifesto foi promovido pelo Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário (Sinttrol) e durou das 4h até as 8h. O presidente do órgão, João Batista da Silva, afirma que a empresa deve cerca de R$ 190 mil ao sindicato. No entanto, a Francovig não reconhece a dívida.
Silva comenta que a dívida se originou depois de um acordo celebrado entre as empresas e o sindicato, substituindo o pagamento do anuênio aos funcionários pelo Programa de Participação em Resultados. Até 1998, os trabalhadores recebiam 2% a mais a cada ano trabalhado. Um funcionário com 10 anos de casa ganhava mais 20% sobre o salário.
Mas Silva diz que o sistema se tornou inviável para as empresas porque o adicional também incidia sobre as contribuições sociais, o décimo terceiro salário e férias. Na época, a solução encontrada foi fazer o repasse de 4% sobre a folha de pagamento para o sindicato, que através de programas sociais ia compensar os trabalhadores.
Hoje é cobrado 1,5% para o Fundo Social, 1,5% de contribuição assistencial e 1% de contribuição para a Federação dos Trabalhadores em Transporte de Passageiros do Estado do Paraná. Entre os benefícios, Silva cita a complementação de salário quando os trabalhadores são afastados do trabalho e o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) não cobre totalmente o vencimento. Além disso, a federação está construindo uma sede recreativa e campestre na cidade e através de convênios os funcionáros conseguem descontos em consultas médicas.
Segundo Silva, a dívida começou nos últimos dois anos, a empresa deixou de efetuar o pagamento ou fez apenas parte dele. O montante sem multas e juros chegaria perto dos R$ 200 milhões.
Outra visão
Mas o diretor da Francovig, Francisco Henrique Francovig, diz que a empresa tem outro entendimento sobre o acordo. Explica que menos da metade dos seus 320 funcionários são sindicalizados e quem não tem vínculo com o Sinttrol não recebe os benefícios. ?Por isso nós só repassamos o dinheiro referente a quem é sindicalizado?, explica.
Para receber o dinheiro, Silva diz que o sindicato vai entrar na justiça e sempre que achar necessário outros piquetes vão ser realizados. Francovig também afirma que a empresa vai procurar o judicário para evitar novas manifestações desse tipo. Além disso, vão responsabilizar civil e criminalmente o sindicato, pedindo reparação de danos.