Pioneiro, radiotáxi da capital continua inovando

Basta ligar e solicitar. Só precisa fazer isso para chamar um táxi nos dias de hoje. O serviço moderno não lembra em nada o começo do radiotáxi, quando a comunicação entre os carros era feita precariamente. Como em vários setores, os táxis também evoluíram. O único ponto que não mudou é a simpatia dos motoristas com os passageiros.

A primeira radiotáxi do Brasil, a Faixa Vermelha, foi criada em 1976, em Curitiba, por um grupo de amigos taxistas que viram a novidade durante uma viagem à Argentina. Quando voltaram, decidiram colocar a idéia em prática. Um dos fundadores da associação, José Correa, conta que a comunicação via rádio era feita em seis carros, inicialmente. Os pedidos, anotados por um deles, eram encaminhados para quem estivesse mais perto do local. A partir disso, o número de veículos interessados em ingressar no sistema aumentou para vinte e, assim, foi criada uma central. Cada taxista ficava duas horas atendendo os clientes e distribuindo o serviço.

Quando o volume de carros chegou a cem, a estrutura sofreu mais modificações, contando com telefonistas e atendentes, e passou a funcionar 24 horas. Atualmente, a corporação conta com 225 carros, que atendem três mil chamadas diárias. As ligações recebidas pela central são identificadas pelo computador, que informa qual é o endereço da chamada. Alguns pedidos demoram menos de cinco segundos para serem repassados aos motoristas. Os clientes ficam cadastrados no programa, o que também facilita o processo. Paralelamente a essa evolução, os comunicados continuam sendo passados por rádio.

De acordo com Dilson João Alves, presidente da Associação radiotáxi Faixa Vermelha, o serviço de táxi também precisa ter um diferencial nos dias de hoje, devido à forte concorrência. A empresa possui um setor específico para reclamações e ocorrências. Além disso, disponibiliza um atendimento de achados e perdidos, pois muitos passageiros esquecem celulares e chaves, por exemplo, nos carros. Eles são identificados e um motoqueiro entrega, sem custos, os objetos perdidos de volta ao dono.

Seleção

Uma rígida seleção é feita pelos fundadores com candidatos a ingressar na associação. De acordo com Correa, há “uma verdadeira triagem” do taxista, para depois ele ter a possibilidade de ser admitido. “O regulamento diz que o taxista interessado não pode ter mais do que 45 anos, por causa da agilidade, e precisa ter experiência profissional de pelo menos um ano”, comenta Correa. “É difícil entrar. Depois que entra, é difícil sair”, afirma. Para ingressar na Faixa Vermelha, o taxista também necessita ser dono da permissão e apresentar certidões negativas. Todos os associados possuem cotas da empresa. Quando um deles sai, normalmente indica outra pessoa para assumir o seu lugar na frota. “Mas não tem muita troca de permissionário. Somente 0,5% ao ano”, indica Alves.

Taxímetro

Antigamente, os cálculos da corrida de táxi era feito de cabeça, segundo Correa. Quando ele começou, em 1970, já existia um taxímetro que registrava a distância em bandeiras 1 e 2. Um pouco depois dessa data, foi criada a “capelinha”, um outro sistema de registro. “Só que era muito fácil de roubar. Muita gente fazia essa prática quando foi descoberta”, conta Correa. Os taxímetros foram evoluindo, descartando a possibilidade de alterar as marcações. A partir de então, o problema passou a ser econômico, por causa das mudanças de moedas e da inflação. Para facilitar os cálculos, uma tabela foi criada pela Urbs para fazer as conversões, pois os valores sempre mudavam.

Atualmente, o táximetro é digital e já determina o valor correto para o passageiro pagar. Mas já está chegando uma nova tecnologia. De acordo com Correa, um taxímetro que tem acoplado uma impressora de recibos será a novidade para o final deste ano. “É um verdadeiro minicomputador. Fica tudo registrado lá, quantos quilômetros, quanto dinheiro ganhou até o momento”, explica.

Com o crescimento da cidade o público mudou

Não foram só os carros, sistemas e equipamentos evoluíram com o passar dos anos. A cidade cresceu e os passageiros também mudaram. Antigamente, os táxis realizavam serviços como levar as crianças para a escola e para o médico, por exemplo. Era uma interação de colaboração com trabalho, tudo entre amigos. “Nós temos um histórico junto com os nossos clientes. Eles cresceram e muitas daquelas famílias que tinham esse contato permanecem com a gente, já na terceira geração”, conta Dilson José Alves.

O público-alvo atual dos táxis são as mulheres e idosos. Há também um crescimento de convênios com empresas, que utilizam o cheque-táxi para pagar a corrida. O valor total do mês é pago por meio de boleto bancário.

Com o crescimento da cidade, muitas ruas e bairros foram criados. Tudo era fácil de localizar. Hoje já não é assim. “Sempre se guarda muita coisa, mas de vez em quando dá um branco”, comenta o taxista Correa. “Sempre presto atenção nos colegas e quando vejo que o destino é novo, eu peço as direções e guardo essa informação. Nos meus raros momentos de folga, procuro locais onde não conheço. Se um dia der de eu cair lá, já sei para onde ir”, explica. Por segurança, Correa tem sempre à disposição um guia da cidade no carro. (JC)

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