Em 2006, após quase 20 anos de carreira na indústria metalúrgica, o pintor industrial Domingos Hilários dos Santos, hoje com 43 anos, enfrentou um dos mais duros golpes em sua vida. Após romper um dos tendões do ombro direito, o trabalhador foi afastado de suas funções por invalidez após descobrir que a lesão ocorreu por esforço repetitivo. Mesmo depois da cirurgia que amenizou as sequelas no ombro lesionado, Domingos não conseguiu voltar às suas atividades e se deparou com a possibilidade de se aposentar por invalidez. “De repente me vi desempregado, com lesão considerada grave e toda vida ainda pela frente. Afinal, eu tinha menos de 40 anos, com mulher e três filhas para criar”, revela.
Sem trabalho, sobrevivendo apenas com o seguro-desemprego e diante do cenário de precoce aposentadoria, Domingos ainda teve que encarar um quadro de depressão. “Quando você acorda e não tem o que fazer, vê as outras pessoas, os vizinhos levando suas vidas, bate o desespero e a tristeza. Então, tive que tomar uma atitude”, explica.
O que Domingos não esperava é que a ajuda e o recomeço de sua vida profissional viriam através da Previdência Social. O trabalhador foi amparado pelo o Programa de Reabilitação Profissional (PRR), que tem como principal objetivo oferecer ao segurado incapacitado para o trabalho meios de readaptação para que possa retornar ao próprio mercado.
Opção
“Comecei a frequentar o psicólogo do programa, que após muitas sessões e conversas me sugeriu que a área de segurança de trabalho seria opção interessante dentre as outras possibilidades. Então, no outro dia me matriculei num curso técnico no Colégio Estadual Pedro Macedo e tive todo o apoio do PRR, que me dava o material, além do vale-transporte, e continuou a pagar meu salário do seguro-desemprego”, conta.
Sem acidentes na empresa
“Nenhum dos nossos colaboradores se opõe ou diverge do meu trabalho, pois sabem o que passei. Sabem que, por descuido da minha segurança no antigo local de trabalho, tive problema sério de saúde e quase tive que parar de trabalhar. Então sabem que tudo o que falo é pro bem deles. E temos tido ótimos resultados. Desde que assumi, não tivemos mais acidentes de trabalho“, orgulhase Domingos Hilários dos Santos.
Domingos é responsável pelas vendas e o trabalho de pós-venda da empresa. O departamento de Recursos Humanos da empresa também usa os conhecimentos de Domingos. “Auxilio na contratação de novos colaboradores e também contribuo em quase todas as áreas da empresa. Hoje, participo de todas as reuniões por aqui”, conta.
Orgulho
Dois anos após receber a notícia que teria de abandonar o mercado de trabalho, Domingos está feliz e orgulhoso com a vida que tem e ainda terá pela frente. “Nunca imaginei que isso fosse acontecer na minha vida. Esse ano, uma filha se forma em Engenharia. Ano que vem outra filha também será engenheira. Tenho a vida profissional inteira pela frente. Então, só tenho que estar feliz. Mas gosto de frisar, tive muita ajuda. A ajuda existe, mas depende de nós mesmos para continuar em frente e aproveitar a oportunidade. A iniciativa é fundamental. Eu sempre digo, tenha a iniciativa que o melhor sempre vai acontecer”, conclui.
Estágio como voluntário
Pouco mais de um ano de depois, prestes a concluir o curso de Técnico de Segurança do Trabalho, Domingos Hilários dos Santos teve que cumprir a carga horária obrigatória de estágio. “Aqui no Brasil não há política eficiente de contratação de estagiários e, por isso, tive muitas dificuldades. Até que numa palestra do Ministério do Trabalho que assisti durante o curso falaram que o estágio vol,untário era o melhor começo dentro do mercado”, explica Domingos.
Sem titubear, o trabalhador
percorreu as ruas de São José dos Pinhais em busca de oportunidade. No primeiro dia, nada aconteceu. Já no segundo, Domingos se deparou com a chance que mudaria o rumo de sua vida pessoal e profissional. “Bati na porta de uma metalúrgica, a Scapsul, que eu sempre passava em frente. Na primeira conversa, recusaram meus serviços, mesmo sendo de graça, alegando que se acontecesse algum acidente, não podiam se responsabilizar. Mas já tinha me adiantado e fiz seguro de vida. Daí comecei e não sai da empresa até hoje. No outro dia que fui contratado, passei direto na Previdência para dar baixa no meu processo de inatividade”, conta.
Efetivado
Duas semanas após começar a trabalhar de maneira voluntária na empresa, Domingos foi convidado a se juntar ao efetivo da empresa. Com o conhecimento adquirido no curso, implementou diversas diretrizes de segurança na empresa, como a planta da área de produção, mapeamento dos extintores e a obrigatoriedade do uso de uniforme e outros equipamentos entre os funcionários.
Marco Charneski |
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Colaboração em quase todos os setores da metalúrgica. |