Oito pessoas, sete fazendeiros e um advogado, foram presas ontem entre Palmital e Laranjal, na região central do Paraná, acusadas de porte ilegal de armas e formação de quadrilha, durante a operação Paz no Campo feita pela Polícia Federal. De acordo com nota da PF, “os presos fazem parte de milícias armadas”. Um assentamento de sem-terra foi vistoriado e nada foi encontrado, segundo a PF. Foram apreendidas 50 armas na operação.
O objetivo era “promover o desarmamento e evitar possível conflito entre proprietários rurais e integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST)”. De acordo com a nota da PF, a operação serviu também para “investigar as diversas denúncias de abusos que vinham sendo cometidos por grupos de pistoleiros pagos por fazendeiros da região”. Os presos foram levados para Guarapuava e hoje devem ser encaminhados para o Centro de Observação e Triagem em Curitiba.
Operação
Cerca de 100 policiais participaram da operação, com o auxílio de helicópteros. Na nota, a PF diz que “as buscas foram em fazendas, residências e acampamentos de trabalhadores rurais sem-terra, com a clara intenção de demonstrar que todos devem cumprir a lei, sejam proprietários rurais ou integrantes de movimentos sociais”.
O presidente da Associação de Produtores Rurais de Laranjal, Humberto Sá, disse à noite que apenas fazendeiros foram presos na operação. “Os sem-terra tiveram tempo para escapar”, afirmou. Segundo ele, a operação começou por volta das 6h da manhã, mas chegou ao acampamento dos sem-terra às 3h da tarde. “Foi um negócio violento, gente boa foi presa, algemada”, criticou. “São fazendeiros da melhor estirpe.”
Na região de Laranjal e Palmital foi anunciado no início do ano a criação do Primeiro Comando Rural (PCR), que visava enfrentar os sem-terra. Em razão disso, a Comissão Pastoral da Terra (CPT) pediu à Polícia Federal que investigasse.