O assunto não é novo, mas volta agora à tona: “A exposição exagerada às radiações eletromagnéticas emitidas por aparelhos de telefone celular podem gerar uma série de danos à saúde, inclusive câncer”. A informação é do chefe do serviço de neurocirurgia do Hospital de Clínicas (HC) da UFPR, em Curitiba, Affonso Antoniuk, que há alguns anos vem desenvolvendo estudos na área.
Segundo ele, algumas publicações de neurocirurgia já apontam as radiações provenientes de celulares – que variam de 800 a 900 MHz – como uma das causas de tumores cerebrais. Entretanto, Affonso acredita que a radiação emitida pelos equipamentos também podem ser responsáveis por diversos outros tipos de câncer, gerando um efeito cumulativo no organismo.
“Alguns estudos indicam que o uso constante de celulares pode causar dor de cabeça, irritabilidade, insônia e envelhecimento precoce”, afirma. “São problemas que as pessoas enfrentam, mas que normalmente não associam às radiações eletromagnéticas. As empresas fabricantes de celulares também demonstram relutância em admitir que os equipamentos podem gerar algum mal à saúde dos usuários, mantendo-os desinformados sobre o assunto.”
O engenheiro de eletrônica e telecomunicações e professor do Cefet-PR, Carlos Alberto Jamil, acredita que a exposição às radiações pode ser prejudicial principalmente para crianças de até doze anos de idade e mulheres grávidas. Isso porque elas podem interferir na formação das ligações dos neurônios presentes no cérebro.
“A partir do quinto mês de vida intra-uterina até o décimo segundo ano de vida, os neurônios ainda estão em formação, e a radiação pode gerar problemas nesse processo”, diz. “Em mulheres grávidas, além de má formação congênita do feto, a radiação eletromagnética pode provocar até um aborto. Tudo depende da sensibilidade da pessoa.”
Prevenção
Tanto Affonso quanto Carlos Alberto alertam que as informações por eles fornecidas não devem gerar pânico entre as pessoas, e que o uso do aparelho celular não deve ser combatido. Eles defendem a racionalização da utilização do equipamento.
Distância
“Para que a exposição à radiação seja minimizada, é aconselhável que as pessoas falem ao celular por um período máximo de seis minutos ao dia, só o utilizando em situações de emergência. Também é indicado não carregar o aparelho junto ao corpo, como em bolsos ou preso ao cinto”, declara o chefe do serviço de neurocirurgia do HC. “Quanto às crianças, acho que o melhor que os pais podem fazer é proibi-las de utilizar o equipamento.”
Já o professor do Cefet-PR aconselha as pessoas para tentarem manter o aparelho celular a uma distância mínima de um metro do lugar onde normalmente permanecem sentadas para trabalhar ou executar outras tarefas cotidianas.