Curitiba é a segunda capital brasileira com maior prevalência de fumantes entre a população adulta. Dados da pesquisa Vigitel 2011 – Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico – mostram que 20,2% dos adultos da capital paranaense são fumantes, enquanto a média brasileira é de 14,8%. Curitiba só está atrás de Porto Alegre (RS), na qual a prevalência chega a 22,6% da população adulta.
Na próxima quinta-feira (29), em alusão ao Dia Nacional de Combate ao Fumo, profissionais da Prefeitura de Curitiba estarão fazendo ações de conscientização da população sobre os riscos do tabaco na Boca Maldita.
Em Curitiba, a pesquisa Vigitel 2011 revela que o hábito de fumar é maior entre os homens (24,4%) do que entre as mulheres (16,5%) adultas. O diretor do Centro de Epidemiologia da Secretaria Municipal da Saúde, Moacir Pires Ramos, fala que o consumo de tabaco entre adultos pode estar relacionado ao aumento da experimentação entre os jovens, conforme revela a Pesquisa Nacional de Saúde Escolar 2012 (PeNSE). Entre os estudantes com idade entre 13 e 15 anos, Curitiba é a segunda capital de maior prevalência no quesito experimentação, com 31,7% dos estudantes respondendo afirmativamente, atrás apenas de Campo Grande (MS), com 37,1%. A média nacional é de 19,5%. “Há uma relação muito próxima entre o consumo na adolescência e na vida adulta. Quanto antes a pessoa começar a fumar, mais dificuldades terá para largar o vício”, explica. Tanto que 74% dos adultos fumantes já tinham tentado parar de fumar, segundo a Vigitel.
Saúde pública
Ramos diz que para a saúde pública, estes números indicam um aumento das doenças relacionadas ao tabagismo, entre elas as doenças cardiovasculares, como infarto de miocárdio e Acidente Vascular Cerebral (AVC); doenças do aparelho digestivo, como câncer de esôfago e de estômago; e ainda doenças do aparelho respiratório, como câncer de boca e de pulmão. “Essas são as doenças mais frequentes entre as pessoas que fumam, mas há uma série de outros complicadores decorrentes do uso do tabaco e seus derivados”, afirma o diretor.
Segundo ele, mesmo com todas as campanhas de conscientização contra o uso do cigarro, há um grande número de pessoas que adere ao vício, mesmo sabendo de todos os malefícios para a saúde. “Por muitos anos, o cigarro foi visto como um objeto de interação social e até de status. Entre os adolescentes, que estão numa fase de afirmação social, o cigarro acaba sendo uma ferramenta para se sentir mais seguro. Há todo um aspecto psicológico que contribui para a dependência. Além disso, temos a disseminação do uso do narguilé, com um aspecto atrativo e muito sedutor, mas que acaba trazendo mais malefícios do que o cigarro”, comenta.
Em Curitiba, o tratamento contra tabagismo é feito nas unidades básicas de saúde, com medicamentos e terapia comportamental. O empresário Andreas Gump, de 41 anos, fuma desde os 15 anos e conseguiu parar de fumar por três meses, mas não resistiu e retomou o vício. Agora, para largar a dependência, recorreu ao grupo de tabagismo que se reúne todas as semanas na Unidade de Saúde Ouvidor Pardinho, no Centro. “Vou voltar a tomar medicamentos para superar a crise de abstinência e, com a ajuda do grupo, é possível ver que há outras pessoas passando pelo mesmo problema que você”. A empresária LMV, de 58 anos, tinha parado de fumar uma vez, mas acabou retomando o hábito após uma briga com o marido. “Foi a forma que encontrei para afrontá-lo. Mas precisei de ajuda profissional para largar o hábito pela segunda vez”, afirmou.