Uma pesquisa coordenada pelo Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc) acaba de divulgar o perfil dos idosos da cidade sob diversos aspectos, como biofisiológico, econômico, familiar e da saúde. O objetivo do projeto, que mobiliza órgãos públicos e membros da sociedade civil, é alavancar idéias para políticas públicas voltadas às necessidades desse público que, assim como em todo o mundo, tem se tornado cada vez maior na capital paranaense.
A pesquisa foi baseada em entrevistas com 2.622 dos 133.619 idosos que compõem a população da cidade em treze unidades de saúde, durante campanha de vacinação contra a gripe. Constatou-se que 56% estão na faixa entre 60 e 69 anos – e a maioria é formada por mulheres. ?Isso indica que estamos vivendo uma feminilização do envelhecimento. Um fator que explica isso é que as mulheres se aposentam em uma jornada, mas continuam no trabalho doméstico. Já os homens ficam menos produtivos. Além disso, elas se previnem mais que eles?, explica a assistente social e gerontóloga do Ippuc, Maria de Fátima Paiva, responsável pela pesquisa.
A produtividade também foi tema abordado junto aos idosos. Segundo a pesquisadora, um número muito grande (35%) ainda se encaixa no rol dos desocupados. ?É um assunto sério tanto para o poder público como para as famílias, pois um idoso sedentário acarreta uma série de doenças, gerando problemas dentro de casa e também para a sociedade, que provê os recursos para tratá-lo?.
Prova disso é que grande parte usa do SUS para os cuidados com a saúde (63%), contra uma média de 25% que se utilizam dos planos de saúde. A pesquisa constata ainda que o cuidado em casa é presente na vida da maior parte das pessoas que estão na terceira idade – 86% residem com a família. Mas a estatística deve sofrer alterações consideráveis nas próximas décadas. ?Constatamos que 46% dos idosos de hoje têm quatro ou mais filhos vivos. No entanto, os cortes (ou gerações) seguintes tiveram dois ou apenas um filho. Apesar de o idoso do futuro ter um perfil diferenciado por conta da entrada da mulher no mercado de trabalho e do maior nível de escolaridade – 87% dos entrevistados eram alfabetizados -, terá também menos cuidadores, o que exigirá políticas que provejam essa necessidade?, analisa a pesquisadora.
O tempo para pensar nisso, enfatiza, é agora. ?Os desafios são grandes, mas, havendo organização, poderemos aliar longevidade á qualidade de vida para quem passar a compor essa faixa etária?.